Técnico do Ministério da Saúde defende mudanças na abordagem de dependência química

16/07/2006 - 11h54

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O assessor técnico de Doença Mental do Ministério da Saúde Francisco Cordeiro defende mudança nos parâmetros de abordagem do problema da dependência química. Ele diz que pesquisas de organismos internacionais mostram que abandonar o uso de drogas é o caso de apenas 30% dos dependentes.“Ou seja, se a gente usar o parâmetro de cura, está deixando de fora os 70% restantes que usam álcool e drogas. É preciso usar um critério mais elástico que inclua outras possibilidades”, diz Cordeiro. No Brasil, de acordo com ele, 11% das pessoas adultas são dependentes de álcool, quer dizer, não bebem apenas socialmente. “A maioria da população brasileira ingere bebida alcoólica, ou seja, usa drogas”. Desde 2004, o Ministério da Saúde trabalha com a política da redução de danos, cujo foco é tratar os dependentes fora dos hospitais. “Temos que criar a cultura de que é possível tratar dependentes de uma forma que não seja unicamente em hospital. Pelo contrário, estamos querendo tirá-los do hospital”, explica Francisco Cordeiro.De acordo com ele, pelo sistema Único de Saúde (SUS), uma pessoa pode ficar no máximo 15 dias internada para desintoxicação. “O que a gente preconiza é a internação de curta duração. A pessoa que chega com um caso de dependência de álcool grave, vai estar fisicamente equilibrada com no máximo 15 dias de internação”, garante.Depois do prazo, o paciente pode receber apoio psicológico para reinserção social nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD), onde a pessoa não fica internada.“Não temos como meta para todas as pessoas que elas deixem de usar drogas de uma hora pra outra, mas sim, de acolhê-las, mesmo que ainda estejam usando drogas, para fazer com que essas pessoas tenham uma melhor qualidade de vida”.