Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio (Brasil) - A corrupção em presídios - que permite entre outras ações a entrada de celulares das unidades prisionais - é, atualmente, um dos principais problemas no controle dos presos e pode contribuir para conflitos como os que se verifica nos últimos dias em São Paulo. A conclusão é do coronel José Vicente, ex-secretário nacional de Segurança Pública e consultor do Instituto Fernand Braudell. “A falha principal é do agente penitenciário que tem contato com os presos e que de alguma maneira facilita as coisas deixando de fazer as revistas adequadas nas pessoas e de exercer esta vigilância para que não entre não só o celular, mas que também não saiam e entrem as mensagens, e que não entrem drogas nem armas”, analisou em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.Para o especialista, a colaboração entre os três níveis de governo tem que ser permanente e não apenas nos momentos de crise, quando acontecem os conflitos. Na avaliação dele, a tendência é que a situação não se altere, porque vai persistir um problema classificado por ele como grave: a superlotação dos presídios.Além disso, o coronel José Vicente destacou a falha nos serviços de inteligência, que deveriam ter identificado previamente a movimentação dos presos para um novo ataque. “A grande deficiência notada foi nesse setor. Ele deveria estar compensando as dificuldades do sistema prisional, como a dificuldade de gestão comum aos presídios brasileiros e a falta de instrumentos legais para manter a disciplina mais dura sobre os principais bandidos nas prisões”, afirmou.Na avaliação do especialista, estão acontecendo fatos “estranhos” durante os conflitos. Ele alertou para os incêndios dos ônibus, que acontecem em grande parte na zona sul de São Paulo, onde há problemas com transporte clandestino. “Da outra vez já foram identificados alguns deles que estavam incendiando ônibus. A polícia está investigando o envolvimento de outras questões que se amontoaram nestes dias de crise”, afirmou.