Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) de Emigração Ilegal, deputado João Magno (PT-MG), acusou autoridades paraguaias de fazerem "vistas grossas" à grilagem de propriedades de brasileiros que vivem naquele país. O parlamentar apresentou hoje (12) o relatório final da Comissão, que foi aprovado por unanimidade. E explicou que levantamento feito por integrantes da CPMI no Instituto de Terras do Paraguai constatou que "autoridades paraguaias fazem vistas grossas em relação a donos de terras naquele país, para poder instigar a ocupação de terras de pequenos agricultores que foram atraídos para o Paraguai há alguns anos".Segundo Magno, a Comissão constatou que esses agricultores brasileiros, os chamados "brasiguaios", sofrem ameaças quando deixam suas casas. Ele acrescentou que os camponeses paraguaios são induzidos por grileiros que querem plantar soja. "Nós fizemos uma visita a essas colônias e constatamos que, de fato, eles estavam sob ameaça de grupos de camponeses paraguaios armados, sem que nenhuma providência fosse adotada por parte do Paraguai".O relatório aprovado hoje aponta outras dificuldades vividas pelos brasileiros que moram naquele país desde a década de 70. Segundo o documento, 10% dos adultos e até 30% das crianças não possuem documento de identidade: "Vivendo longe dos centros urbanos, eles mantêm suas famílias sem documentos no Brasil e/ou no Paraguai".Outro problema se refere à prostituição de crianças e adolescentes dos dois países na chamada tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai), onde "por diversos motivos, são vítimas preferenciais de várias condutas ilícitas, como a exploração sexual comercial". As crianças e adolescentes correspondem a cerca de 45% da população local.Durante reunião realizada no dia 10 de maio, em Foz do Iguaçu (PR), com autoridades brasileiras e paraguaias, os parlamentares da Comissão constataram situações envolvendo a prostituição de crianças e adolescentes, facilitada pela falta de controle do fluxo de pessoas nessa fronteira. "Filhos de brasileiros nascidos no Paraguai e paraguaios têm ido a Foz do Iguaçu para mendigar e usar drogas, como o crack, que é mais barato no Brasil, ou para se prostituírem, a ponto de crianças de cidades vizinhas a Foz, vindas de Medianeira, Matelândia, São Miguel do Iguaçu, por exemplo, irem de ônibus a Foz ou a cidades paraguais para se prostituir e, depois, retornarem para casa", contou o deputado no relatório.