Venda irregular de ambulâncias tem ramificações em todo o país, diz Biscaia

11/07/2006 - 10h14

Cristina Índio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio - Apenas três ou quatroestados do país estão fora do esquema de venda superfaturada de ambulâncias eequipamentos de saúde da empresa Planam, investigada na Operação Sanguessuga daPolícia Federal. A informação foi dada pelo presidente da Comissão ParlamentarMista de Inquérito que investiga o esquema (CPMI das Sanguessugas), AntônioCarlos Biscaia (PT-RJ). “É um esquema com ramificações em todo o país”, disse odeputado em entrevista ao Programa Notícias da Manhã, da RádioNacional.Biscaia está no Mato Grosso,junto com outros integrantes da comissão para acompanhar o depoimento que oempresário Luiz Antônio Vedoin, da empresa Planam está prestando ao juiz daSegunda Vara Federal de Cuiabá, Jefferson Schineider. Para o parlamentar, odepoimento que começou na segunda-feira da semana passada (3) é um fato inéditono Poder Judiciário que, segundo Biscaia, decidiu colaborar."Ele está revelando, emdetalhes, todo o esquema da quadrilha criminosa. Não tenho dúvida de que essedepoimento, no momento em que puder ser revelado, será uma prova inquestionávele vai responsabilizar, em toda essa trama criminosa, um número grande deparlamentares federais”, informou o presidente da CPMI das Sanguessugas. Odeputado acrescentou que o empresário, que recebeu a prerrogativa de delaçãopremiada, além de revelar fatos, tem apresentado documentos. “Muitas vezes para obter obenefício da delação premiada a testemunha começa a revelar fatos que nãoconsegue comprovar. Neste caso é completamente diferente. Cada um dos episódiosque é revelado vem acompanhado de uma farta documentação, que tem sidoapresentada independentemente daquela que já tinha sido apreendida pela PolíciaFederal. Não tenho dúvida, que neste caso, teremos a prova documentalconfirmando o depoimento”, afirmou.Biscaia disse que o juiz secomprometeu a repassar o material à comissão, após a conclusão dos depoimentos.“Creio que no mais tardar até quinta-feira estará concluído e imediatamenteserá repassado para a presidência da CPMI. Já fizemos o contato com omagistrado e há o compromisso dele de encaminhar o material”, avaliou.Para o parlamentar, épossível que a comissão conclua o seu trabalho ainda nos primeiros dias deagosto, como era o objetivo inicial dos integrantes. Biscaia afirmou que, comoqualquer fato que revela a participação de parlamentares o resultado dodepoimento será um abalo muito forte no Congresso Nacional.Ele voltou a defender anecessidade de garantir a abertura de processos de cassação de parlamentaresenvolvidos apesar da eleição de outubro. “Já temos a convicção de que asdificuldades serão imensas para iniciar qualquer processo de cassação, aindanesta legislatura. Temos que sustentar o ponto de vista de que se o fatocomprova quebra de decoro e se um desses parlamentares obtiver a reeleição nósdevemos defender o prosseguimento na próxima legislatura ou até o início de umprocesso de cassação já a partir de 2007”.