Salvador se prepara para sediar conferência sobre intelectuais e a diáspora africana

11/07/2006 - 20h15

Irene Lôbo e Adriana Brendler
Enviadas especiais
Salvador -

Salvador já começou a se transformar em uma extensão do continente africano. Chegaram à capital baiana nove chefes de Estado, vindos da Tanzânia, Jamaica, Gana, Cabo Verde, Senegal, Botsuana e Guiné Equatorial para participar da 2ª Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora (Ciad), que começa oficialmente amanhã (12) e termina no sábado (15) com o Fórum de Diálogos África-Diáspora.

A conferência – cuja primeira edição ocorreu em Dacar, no Senegal, em outubro de 2004 – vai reunir intelectuais, representantes da sociedade civil e tomadores de decisão para discutir temas de interesse da África e dos afrodescendentes, como saúde, educação, religião, comércio, ciência e tecnologia. São esperadas personalidades como a ecologista queniana Wangari Maathai, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2004, e o presidente da Comissão da União Africana, Alpha Oumar Konare.

A diáspora – segundo a Fundação Palmares, os cerca de 12 milhões de africanos que foram espalhados pelas Américas pelo tráfico de escravos – é o outro assunto da conferência. Diáspora, do grego Diasporá, significa neste contexto a dispersão desses povos em virtude da perseguição de grupos dominadores intolerantes, de acordo com o Dicionário Aurélio.

O Centro de Convenções de Salvador, um espaço com 57 mil metros quadrados, 17 auditórios com capacidade para 60 a 2 mil pessoas, e 22 salas de apoio, sediará a chamada parte intelectual da conferência. Para o auditório principal, o Iemanjá, estão previstas três sessões plenárias: A Diáspora e o Renascimento Africano; Gênero e Eqüidade na África e na Diáspora; e Paz, Democracia e Desenvolvimento.

Nos outros auditórios haverá 24 mesas de debates, sobre temas como a história das línguas africanas, a religião, a luta contra a pobreza e o combate ao racismo. E diversos eventos culturais estão previstos para outros locais da cidade, lvador diversos eventos culturais, como exposições de arte, shows de música africana, feiras de artesanato e debates na Universidade Federal da Bahia (UFBA)  e na Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Cerca de 2 mil pessoas são esperadas na conferência, que será transmitida por vários telões espalhados pela cidade de Salvador.

De acordo com a Fundação Cultural Palmares, ligada ao Ministério da Cultura, o Brasil é a segunda maior nação negra do mundo, depois da Nigéria, e a Bahia tem a maior população negra fora do continente africano. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que há quase 76 milhões de brasileiro negros e pardos, cerca de 45% da população.

A abertura da 2ª Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora será presidida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva amanhã (12), às 10 horas, e deverá contar com a presença de chefes de Estado e de governo dos países participantes. Toda a programação do evento pode ser encontrada no site www.mre.gov.br/ciad.