Brasil só deve assinar acordo na OMC se tiver ''ganhos concretos'', afirma ex-embaixador nos EUA

02/07/2006 - 10h18

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos Rubens Barbosa acompanhou "com preocupação" a reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra. Barbosa, que hoje é consultor para assuntos internacionais, acha difícil haver um acordo significativo por causa do caráter protecionista dos Estados Unidos.

"Se não houver uma redução significativa dos subsídios nos Estados Unidos e uma abertura de mercado importante, efetiva do lado dos europeus, não é interessante para o Brasil um acordo. Os produtos que nos interessam vão ficar de fora e vão continuar protegidos", disse Barbosa à Agência Brasil.

Para ele, a saída para o Brasil seria abrir mão da Rodada de Doha e partir para a realização de acordos bilaterais. "O Brasil não deve fazer nenhum gesto sem ter certeza de obter ganhos concretos nessa negociação", opinou.

O compromisso dos membros da OMC para promover a maior inserção dos países em desenvolvimento no comércio mundial ficou conhecido como Rodada de Doha por ter sido firmado na capital do Catar, em novembro de 2001. Naquela ocasião, ficou definida uma agenda para que, progressivamente, fosse patrocinada a liberalização do comércio exterior, com o fim das barreiras protecionistas e dos subsídios.

Pela agenda inicial, a Rodada de Doha seria concluída em 2005. Mas a partir de 2003, durante a reunião ministerial de Cancun, no México, as negociações travaram. O novo calendário coloca dezembro deste ano como prazo final para a conclusão do acordo.