Mortes em São Paulo podem mostrar de atuação de grupos de extermínio, diz deputado

29/06/2006 - 14h39

Ivan Richard
Da Agência Brasil

Brasília - As 492 mortes por arma de fogo ocorridas em São Paulo no período de 12 a 20 de maio podem ser um sintoma de que grupos extermínio formados por policiais estariam atuando no estado. Essa é a avaliação do deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que participou hoje (29), em Brasília, da reunião do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH).

Segundo Greenhalgh, depois do resultado do referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo, grupos de "extremo conservadorismo" passaram a atuar. "Eles foram para frente do palco", disse. O deputado compara a situação à ilegalidade da violação dos direitos humanos na época da ditadura militar, com as estruturas de repressão do Dops e do Doi-Codi.

"Durante a manifestação do dia 12 [realizada em São Paulo contra os ataques atribuídos ao PCC], vi diversas pessoas falando que na Assembléia Legislativa de São Paulo pessoas estariam tranqüilamente vestindo camisetas do esquadrão da morte", afirmou. "Isso precisa ser pensado. Precisamos observar se isso não é uma forma oblíqua de volta de entidades organizadas que a pretexto de combater o crime organizado, acabam eliminando pessoas. Não podemos retroceder na questão da democracia e na questão da cidadania", argumentou.

Hoje (29), a comissão especial do CDDPH, formada para acompanhar as investigações das mortes ocorridas em São Paulo, apresentou o resultado dos trabalhos. A conclusão é de que houve excesso na atuação da polícia paulista e também casos de execução. A comissão cogitou ainda a possibilidade da Polícia Federal (PF) assumir o comando das investigações sobre a autoria das mortes. O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, acredita que a opção de envio da PF seria "precipitada" nesse momento.