Integrantes de comissão descartam envio da PF para apurar mortes em Sâo Paulo

29/06/2006 - 15h46

Ivan Richard
Da Agência Brasil

Brasília – Durante a reunião do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), o ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, afirmou que seria precipitado enviar a Polícia Federal à São Paulo para acompanhar as investigações sobre as mortes durante a onda de violência atribuída à facção criminosa Primeiro Comando da Capital e ao contra-ataque da polícia. A possibilidade foi levantada para ajudar nas investigação, sobretudo, de possíveis excessos das forças de segurança.

O deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) também se opôs a idéia. "Não podemos a qualquer crime que aconteça no Brasil, partir do pressuposto que as polícias estaduais não tenham condições de investigação e rapidamente já transitar para a pedir à Polícia Federal que acompanhe os casos. Devemos dar tempo ao tempo", disse.

Uma comissão especial do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) constatou que houve excesso na atuação da polícia paulista e também casos de execução em São Paulo entre os dias 12 e 20 de maio. O relatório sobre o caso está sendo apresentado na manhã de hoje (29) no conselho.

De acordo com a professora de Direito Constitucional e integrante da comissão especial, Flávia Piovesan, os dados repassados pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) de São Paulo mostram que, no período analisado, houve 492 mortes por armas de fogo. O número de balas encontradas em cada cadáver foi de 13 a 14, sendo que a média é de 4 a 7.

"O que se observou pela análise do CRM tendo por amostragem 132 casos é que os tiros teriam, sobretudo, alcançado nuca, cabeças e costas, o que aponta a ocorrência de extermínio", afirma Piovesan, para quem a maior dificuldade no caso será a polícia investigar a própria polícia. "O grande desafio é que a materialidade dos crimes está caracterizada e a dificuldade agora é descobrir a autoria."