Escolha da TV digital promoveu desenvolvimento de tecnologia brasileira

29/06/2006 - 10h55

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O processo de definição do sistema de TV digital no Brasil incentivou a ampliação das pesquisas de desenvolvimento tecnológico no setor. A avaliação é da pesquisadora da Faculdade de Engenharia Elétrica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) Cristina de Castro. Por iniciativa do governo federal foram criados 22 consórcios de instituições acadêmicas para a criação e aperfeiçoamento de equipamentos e tecnologias.

Cerca de R$ 60 milhões da Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações foram aplicados para a criação de inovações brasileiras. Aproximadamente, segundo contas do governo, 600 pesquisadores e técnicos se mobilizaram, em 22 consórcios envolvendo 106 universidades, institutos de pesquisa e empresas privadas.

"Se olharmos para dentro dos laboratórios nas universidades, essa rede que o governo possibilitou formar é uma rede de competência fantástica, o que não tínhamos há um ano e meio, dois anos atrás", disse a pesquisadora. Cristina participou do projeto da PUC-RS de desenvolvimento de um sistema de modulação e de antenas inteligentes.

Um dos projetos resultou na criação de um protótipo de modulador, equipamento usado para a conversão dos dados digitais (bits e bytes) em ondas de rádio e televisão. De acordo com o coordenador do projeto, Fernando Castro, o protótipo é compatível com os sistemas internacionais, inclusive o japonês.

Para o uso desse modulador, o coordenador explica que seria necessária apenas uma adaptação nos receptores do sinal digital. "Esse receptor modificado e melhorado pela tecnologia desenvolvida por nós consegue conviver amigavelmente com todos os demais. Não há necessidade de se mudar todos os receptores ou outros equipamentos e o transmissor também não muda", explicou.

Uma das principais vantagens desse modulador, segundo Fernando Castro, é a eficiência na recepção móvel, como em equipamentos wireless (sem-fio) e até para televisões digitais instaladas em ônibus. "Conseguimos obter essa recepção com o receptor se movendo a mais de 120 quilômetros por hora", disse. Outra inovação é a redução de cerca de 75% no silício usado no chip do receptor em relação ao japonês, o que diminui o custo de produção.