Bolsa Família é apenas primeiro passo para criar política de estruturação do Estado, diz economista

29/06/2006 - 19h25

André Deak
Repórter da Agência Brasil

Brasília – As políticas assistenciais "aliviam a pobreza, mas não resolvem", diz o economista Marcio Pochmann, da Universidade de Campinas (Unicamp). Segundo ele, o programa Bolsa Família faria parte do conjunto de "medidas emergenciais" aplicadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo anunciou hoje (29) que o Bolsa Família conseguiu atingir a meta de 11,1 milhões de famílias beneficiadas.

De acordo com o economista, a escolha de Lula por políticas emergenciais "talvez seja resultado de uma opção feita tendo em vista um quadro mais amplo de desestruturação do estado, após 15 anos de neoliberalismo".

Para Pochmann, é preciso que essas medidas façam parte de políticas estruturais. Seriam, segundo ele, a combinação de um rápido crescimento econômico com pleno emprego e políticas de reformas de tributação, como mecanismos progressivo de tributação dos ricos, além de políticas sociais universais, como saúde, transporte e educação.

"O país não pode se vangloriar por ter 11 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza. Mas pode comemorar ter cumprido uma meta social", diz o economista da Unicamp. "Como passamos por governos que não cumprem metas sociais, apenas econômicas, isso é uma novidade".

"Precisamos caminhar agora para sair dessa situação. Sem emprego, a população continua dependendo dessas políticas. Com emprego, pode dar outro passo. É preciso que seja só o começo de uma estratégia mais ampla", diz.