Preços da Saúde não recuam para o paulistano há mais de dois anos

27/06/2006 - 20h37

Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Os preços pagos pelo paulistano na área de saúde subiram pela 119ª semana consecutiva, segundo a pesquisa do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), divulgada hoje (27) pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. Segundo o economista Paulo Picchetti, coordenador da pesquisa, os aumentos são principalmente dos planos de saúde, que reajustam suas mensalidades em diferentes datas.

De janeiro de 2004 a maio deste ano, o IPC geral acumulado para o paulistano somou 11,83%, mas a inflação em saúde ficou em 24,40%, segundo a Fipe. Entre os sete setores de produtos e serviços pesquisados regularmente, ela só é inferior à inflação acumulada em transportes, de 28,52%. Nos demais setores, o índice acumulado foi de 2,36% em alimentação, 3,79% em vestuário, 9,14% em habitação, 10,59% em despesas pessoais e 23,70% em educação. No mesmo período, apenas o setor de educação não registra qualquer deflação, mas esse setor não tem preços administrados pelo governo.

De acordo com Picchetti, os índices positivos de aumentos, nesses dois anos, devem-se basicamente aos planos de saúde, embora eles também reflitam em meses específicos os aumentos nos preços de medicamentos autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"Acontecem principalmente os aumentos anuais dos contratos dos planos de saúde, autorizados pela própria Anvisa e, no caso dos remédios, há uma tendência de elevação ao longo do tempo" afirma Picchetti. "Você acaba tendo variações, como por exemplo tivemos na última semana (houve deflação de preços nos medicamentos). Depois de dar um aumento, como hoje há uma concorrência muito grande de farmácias, vem um período de descontos, que dão oscilações negativas de preços. Quando a gente olha em períodos mais longos, são os reajustes que são dados sempre nos meses de maio".

Sobre o fato de aparecem índices de aumentos durante todas as semanas e meses, apesar de haver data para a concessão dos aumentos pela Anvisa, Piccheti explica que a Fipe só computa os aumentos quando eles efetivamente são cobrados dos contratados, o que ocorre durante todo o tempo, ou seja, a cada mês há planos diferentes elevando as mensalidades.

"Na prática, é isso o que acontece. Existe uma diferença metodológica importante no modo como os índices de preços ao consumidor são calculados", afirma. Segundo ele, a Fipe utilizama o conceito de caixa, "o que significa computar os aumentos quando eles efetivamente são desembolsados pelo consumidor". Outros índices, como o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) usado como referência para o Banco Central, utilizam o conceito de competência, segundo ele. "Então, quando o reajuste dos planos de saúde é autorizado em um determinado mês, o IBGE computa tudo de uma vez só e no resto do ano ele não aparece mais".

A Fipe tem um painel de famílias nas quais ela faz a pesquisa de preços e cada uma tem convênios de saúde que têm aniversários diferentes. É na data desses aniversários, quando esses aumentos efetivamente passam a fazer efeito, que a Fipe computa e eles vão aparecendo durante o ano inteiro.