Famílias de trabalhadores sem-terra ocupam fazenda da região sul do Rio de Janeiro

27/06/2006 - 11h25

Norma Nery
Repórter da Agência Brasil

Rio - Prossegue de forma pacífica a ocupação por 80 famílias de trabalhadores sem-terra da Fazenda São Geraldo, em Valença, região do sul fluminense. Apesar de a sede da fazenda estar ocupada por policiais militares, não houve registro de confrontos. Os trabalhadores estão no local desde o último sábado (24).

Segundo o superintendente do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), Mário Lúcio Mello, a área faz parte de uma lista de 31 fazendas que estão em "estágio avançado de desapropriação".

Ele contou que, no sábado, os herdeiros da fazenda chamaram a Polícia Militar. Mas representantes da sociedade civil negociaram em favor dos trabalhadores, que não tinham ocupado a sede da fazenda, preferindo acampar em uma pequena colina, para evitar problemas.

Para Mello, a perspectiva é que os sem-terra continuem no local, aguardando o final do processo de desapropriação. Isso se não houver ordem judicial que determine a desocupação. "Em média, no Brasil, esses processos levam em torno de nove meses. No mínimo vai levar esse tempo. Vai depender das decisões judiciais que houverem".

Os trabalhadores são do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e estavam acampados há três anos em uma área do município de Queimados, perto da Avenida Presidente Dutra, aguardando desapropriações de terras no estado.

Segundo a integrante da coordenação nacional do MTL, Janira Rocha, as famílias viviam em condições precárias porque o terreno perto da Via Dutra alagava quando chovia. Ela diz que agora estão mais otimistas, apesar de não estarem preparadas para enfrentar o frio que faz em Valença.

"Eles estão vivendo da solidariedade de entidades, sindicatos e igrejas, esperando que possam começar a trabalhar a terra e a construir suas casas. Mas as pessoas estão bastante otimistas, na medida em que a fazenda é improdutiva, não existe nenhum trabalho e nenhuma produção. Eles estão confiantes de que vai haver Justiça e que eles vão poder ficar lá", disse Rocha.