Atlas mostra desafios para ampliar projetos de economia solidária no país

27/06/2006 - 16h52

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Um novo segmento da economia brasileira - a chamada economia solidária - vem ganhando força nas últimas décadas no país. Por isso, o Ministério do Trabalho, em parceria com o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES) e universidades brasileiras, elaboraram o Atlas da Economia Solidária no Brasil, uma iniciativa pioneira lançada este ano, que ajuda a mapear os desafios do movimento no Brasil. O documento é uma das principais referências práticas para as discussões do setor na 1ª Conferência Nacional de Economia Solidária, que se realiza nesta semana em Brasília.

O documento, que traz um mapeamento nacional, tem como principal objetivo ajudar os próprios empreendimentos solidários a estabelecer laços econômicos entre si. Além de trazer uma série de informações e características sobre esta nova atividade econômica, que concentra hoje cerca de 15 mil empreendimentos em 2.274 municípios do país, o Atlas da Economia Solidária traz também uma série de dados que vão facilitar o desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre o tema.

Os produtos e serviços que mais lideram as atividades voltadas à economia solidária no Brasil são os relativos à agropecuária, extrativismo e pesca, com 42%. Logo depois, aparecem os alimentos e as bebidas (18,3%) e, em seguida, os produtos artesanais (13,9%). Os produtos e serviços dos empreendimentos econômicos solidários destinam-se predominantemente, conforme revela o Atlas, aos espaços locais. Do total, 56% vendem ou trocam seus produtos e serviços no comércio local comunitário e 50% nos comércios municipais. Apenas 7% do total de empreendimentos destinam seus produtos ao território nacional e 2%, realizam transações com outros países.

O Atlas, que pode ser consultado na página eletrônica do Ministério do Trabalho e Emprego (www.trabalho.gov.br), traz informações, por exemplo, referentes ao perfil da economia solidária no Brasil, as suas formas de organização, conceitos, metodologias e sobre sua trajetória no país. Essas informações, conforme revela o Atlas, são importantes para "demonstrar as potencialidades da economia solidária no Brasil, bem como a necessidade de ampliação da ação do Estado para superar gargalos e dificuldades".

A economia solidária é uma nova forma de relacionamento econômico, que não centraliza os lucros na mão de uma pessoa ou um grupo apenas. Desta forma, não há um "patrão" que concentre o poder e acumule o resultado gerado pelo trabalho. É uma prática social regida pelos valores da autogestão, cooperação, solidariedade e viabilidade econômica.