Investimento e união elevam renda de agricultores familiares

25/06/2006 - 9h40

Raquel Mariano
Da Agência Brasil

Brasília - Os participantes da 3ª Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária, que será encerrada hoje (25) em Brasília, buscam formas de expandir sua renda por meio do cooperativismo e da agroindutrialização. Para eles, o investimento e a união tornaram o negócio mais lucrativo.

Entre os agricultores que vivem essa realidade está Jacques Pellenz, da Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória, localizada no assentamento de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. O assentamento foi constituído, desde o início, com o objetivo de formar uma cooperativa. "Queríamos caracterizar uma forma diferente de produção coletiva", contou.

O assentamento não tem divisão de terras para as famílias e os custos com investimentos e máquinas são repartidos entre elas. Segundo Pellenz, existe um planejamento da produção e das atividades, desenvolvidas em conjunto pelos integrantes do grupo. A produção inclui cana-de-açúcar, verduras e legumes, gado leiteiro, criação de suínos e aves, além de biscoitos, pães e bolos. E para comercializá-la, os assentados montaram uma associação.

A 3ª Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária, segundo Pellenz, é uma forma de divulgar a produção e dar viabilidade econômica para as famílias que trabalham lá. Assim como Pellenz, outros expositores conseguiram aumentar sua renda, mas com a agroindustrialização de seus produtos. É o caso de Jair Giacomini, da cooperativa Cantina Vô Bepi de São João do Polêsine (RS). Ele contou que a produção começou "para consumo familiar, mas foi se expandindo, difundida para os conhecidos e para o mercado da região".

Também Maria Emília Brumatti, da cooperativa dos agricultores familiares de Colatina (ES), que participa da Feira em Brasília, acha que essa "é uma oportunidade de conhecer o mercado e suas exigências". Quando a cooperativa foi fundada, em 2003, segundo ela, a intenção era comercializar produtos que ainda não tinham. "Hoje, as agroindústrias já possuem uma loja no centro da cidade", comemora.

Já Maristela Santos veio à Feira como representante de três comunidades quilombolas de Belém (PA), para mostrar o artesanato que produzem. Ela faz parte do movimento que luta pela cidadania plena dos negros, o Centro de Estudo de Defesa de Negros do Pará (Cedenpa), e conta que as comunidades receberam aulas de artesanato antes de expor os produtos.

Promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, a feira reúne 520 expositores com mercadorias de agroindústrias e de artesanato, produzidas também por comunidades indígenas e grupos de mulheres. A expectativa dos organizadores é de que até o final do dia mais de 60 mil pessoas tenham passado pelos estandes.