Ibama aponta espécies e áreas para conservação na Bacia do São Francisco

25/06/2006 - 13h49

Pedro Biondi*
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) prepara uma lista de espécies e áreas na Bacia do Rio São Francisco que merecem prioridade nas ações de conservação. O levantamento deve ficar pronto no final do ano e faz parte da política governamental de revitalização da bacia.

A lista sobre biodiversidade no São Francisco pode ser comparada a uma miniarca de Noé. Dados preliminares já apontam 249 variedades de bichos e 83 de plantas como prioritárias. O estudo foi realizado pelo Ibama a partir de listas já existentes e com a ajuda de pesquisadores.

Boa parte da fauna e flora é endêmica (exclusiva do local) e sensível a alterações ambientais. Por isso, merece atenção especial. "Foram listadas espécies de todos os grupos de fauna", comenta, em entrevista exclusiva à Agência Brasil, o coordenador de Zoneamento e Monitoramento Ambiental do Ibama, Jailton Dias.

Entre elas, a arara-azul, o pato-mergulhão, a anta, o lobo-guará, o veado-campeiro e a onça-pintada. Dentre os peixes, a tainha e o xaréu. Há também grande quantidade de sapos e rãs, um dos grupos que mais sofrem com a degradação dos ecossistemas. Entre as plantas, muitos tipos de cactos e de bromélias e a paratudo, cuja casca tem propriedades medicinais.

Em sintonia com a definição das espécies prioritárias, os estudos buscam identificar áreas-chave para a saúde ambiental e a diversidade biológica da região. "Nesses lugares se pode criar unidades de conservação ou reforçar a fiscalização de outro modo", explica o coordenador.

Nas unidades de paisagem a proteger, Jailton Dias destaca as dunas, locais de ocorrência de calcário, cavernas e regiões montanhosas. Ele lembra que, ao lado dos remanescentes (aquilo que sobrou), existem áreas a recuperar.

Ao levantamento do Ibama, serão agregados estudos de outros órgãos governamentais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Serviço Geológico do Brasil.

"No final, é como se a gente tivesse um mapa: esta área aqui é prioritária para conservação, nessa área se recomenda consolidação de atividades agrícolas, essa é importante para desenvolver agricultura com irrigação", ilustra o coordenador do Ibama.

"O zoneamento vai servir de diretriz para ações do governo. Isso deveria ter sido feito muito antes – antes de ocupar. Então, como hoje já está ocupado, a gente vai tentar organizar."

Rio da integração nacional, o São Francisco, descoberto em 1502, tem esse título por ser o caminho de ligação do Sudeste e do Centro-Oeste com o Nordeste. Desde as suas nascentes, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, até sua foz, na divisa de Sergipe e Alagoas, ele percorre 2,7 mil km

*Colaboraram Cecília Jorge e Adriana Franzin.