Governo articula para aposentados não terem mesmo aumento do salário mínimo

20/06/2006 - 19h10

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro da Previdência, Nelson Machado, pediu hoje (20) ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), apoio para barrar aumento para aposentados. Quando foi editada a medida provisória que definiu o salário mínimo em R$ 350, a oposição conseguiu aprovar emenda que estende o reajuste de 16,7% a todos os aposentados e pensionistas.

O governo editou duas MPs, uma (número 288) aumentando o salário mínimo de R$ 300 para R$ 350 e outra (291) reajustando em 5% os benefícios de aposentados e pensionistas. A MP 291 era o primeiro item da pauta da Câmara para hoje (20), mas não houve acordo e não foi votada. Como já conseguiu elevar o índice para 16,7%, a oposição trabalha para rejeitar a MP, enquanto os aliados do governo trabalham para aprová-la. Já a MP 288 é o quarto item da pauta de votações do Senado.

"Vim demonstrar ao presidente do Senado a preocupação com relação ao impacto nas contas da Previdência do reajuste de 16,7% para os que recebem acima de um salário mínimo", afirmou o ministro, que estima o impacto em cerca de R$ 7 bilhões por ano, "um grande problema para o futuro". O investimento atual, de acordo com ele, é de R$ 165 bilhões anuais.

Machado disse que foi feito um acordo com as lideranças dos aposentados de que o reajuste seria de 5%. "O Brasil tem um sistema previdenciário que paga seguro para cerca de 24 milhões de brasileiros. Desses, 65% recebem em torno de um salário mínimo. Isso caracteriza um dos maiores projetos de distribuição de renda que temos no país". De acordo com o ministro, mesmo o acordo de 5% não traria perda para os aposentados. "Pelo contrário: este ano há um pequeno ganho em relação ao INPC [Índice Nacional de Preços ao Consumidor]".