Catadores de papel reivindicam políticas públicas para garantir trabalho em São Paulo

20/06/2006 - 14h28

São Paulo, 20/6/2006 (Agência Brasil - ABr) - Cerca de 70 integrantes de cooperativas de catadores de papel e materiais recicláveis realizaram hoje (20) ato público na Praça da Sé e, em seguida, caminharam até a sede da prefeitura, no Anhangabaú, região central da cidade, onde fizeram uma manifestação. O objetivo foi chamar a atenção das autoridades municipais para a proibição de os catadores circularem pela cidade com suas carroças.

Segundo a assessoria de imprensa do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, organizador do ato, cinco catadores foram recebidos para uma audiência com a assessoria do gabinete do prefeito e uma representante da Secretaria municipal de Obras. Foi formada uma comissão de catadores que representarão o grupo nas negociações relacionadas às reivindicações dos trabalhadores. Uma nova reunião, ainda sem data marcada, deve ser realizada em breve.

A coordenadora estadual do movimento, Guiomar Conceição dos Santos, explicou que os catadores pedem a criação de políticas públicas que garantam seu direito de trabalhar com dignidade, sem repressão ou represália. "Eles [autoridades municipais]devem levar em consideração que o trabalho do catador hoje é uma economia para os cofres públicos e têm que reconhecer que nós trabalhamos de graça para o poder público".

Guiomar enfatizou que os cooperados querem dialogar com as autoridades para expor suas propostas a fim de construir em conjunto um sistema de coleta seletiva que favoreça todas as partes. Ela disse que, desde o ano passado, as carroças têm sido recolhidas e tem sido limitado seu trânsito na cidade. "Eles não dão espaço para que o pessoal trabalhe". De acordo com ela, os catadores são obrigados a construir novas carroças para continuar a trabalhar. "A sobrevivência deles é a coleta seletiva".

Segundo Guiomar, desde o ano passado, o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis vem tentando um acordo com o governo municipal, sem sucesso. "Nós queremos sentar e conversar e construir junto uma proposta de lei que garanta de fato o trabalho do catador". O movimento já apresentou diversas propostas e projetos e nunca obteve resultado, afirmou Guiomar. Ela disse que, só em São Paulo, existem 20 cooperativas ligadas ao movimento nacional. Em todo o país são 126 cooperativas associadas.