ELEIÇÕES 2006: Em discurso, Alckmin destaca plataforma de campanha

11/06/2006 - 16h30

Spensy Pimentel
Enviado especial

Belo Horizonte - O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, usou seu discurso durante a convenção nacional tucana, realizada hoje (11), na capital mineira, para destacar os principais pontos que deverá defender na campanha.

A análise de Alckmin partiu de críticas à política econômica. Ele afirmou que o Brasil tem hoje a taxa de juros mais alta do mundo e impostos correspondentes a "40% da riqueza produzida por ano" no país. Ele também citou como problemas atuais, a manutenção das desigualdades regionais, o abandono da infra-estrutura, a falta de investimentos públicos em áreas essenciais, como educação, saúde e segurança pública, e a "burocracia" e o "empreguismo" no governo federal.

No plano internacional, segundo o tucano, o país precisa "aproveitar as oportunidades". "É preciso, e o faremos, substituir a retórica vazia por resultados concretos, em consonância com os interesses do Brasil", disse.

Para ele, a atual política externa é mais que um "desastre". Alckmin citou como exemplo o Mercosul, que, na avaliação do candidato, passa pela crise mais séria desde sua criação, enquanto o México celebrou mais de 30 entendimentos bilaterais, e os Estados Unidos, "outros tantos".

Entre as propostas, Alckmin disse que há prioridade à reforma tributária, com o objetivo de desonerar a produção, especialmente dos pequenos empresários levados à informalidade pela impossibilidade de arcar com os altos custos dos investimentos. "A informalidade é uma doença que mina a capacidade do empreendedor", afirmou.

O corte de despesas públicas "supérfluas" para liberar dinheiro para os investimentos e possibilitar a redução de impostos é outra idéia. "Hoje, o Brasil é escravo do governo, que gasta muito e gasta mal". A máquina estatal, segundo ele, está "inchada" e se converteu em "cabide de emprego" para petistas. A ênfase na descentralização é outra proposta.

O Estado, segundo o tucano, deve ser "desenvolvimentista", porém, de uma nova forma, sem substituir o papel das empresas. "O Estado moderno não pode, sob nenhum pretexto, ser um obstáculo para a ação socialmente responsável do setor privado", disse, para em seguida falar sobre a necessidade de ampliar os "marcos regulatórios" no país.

Orçamentos "realistas" e que não comportem "barganha política", diz Alckmin, garantirão também a possibilidade de aumentar os investimentos, bem como a ampliação do governo eletrônico e a consolidação de uma "burocracia forte".

"Junto com a economia, nossa prioridade será a educação", disse, ainda. Alckmin exaltou realizações do governo Fernando Henrique na área e criticou o PT porque, segundo ele, o partido fez oposição à criação do Fundo para o Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef), em 1996. A ampliação progressiva do turno escolar é uma das propostas do candidato para a área.

Alckmin repetiu a atribuição de avanços do país na área social ao governo anterior. "O atual presidente herdou dos antecessores uma rede de proteção social que, em 2002, se estendia a mais de 38 milhões de brasileiros". Na saúde, o tucano pediu a aprovação da lei que regulamenta a emenda constitucional 29, assegurando recursos mínimos para a área.

A reforma política e o fortalecimento das políticas federais de segurança pública completam o rol de prioridades. "Não se deve ter complacência com o crime porque o país é injusto", disse. "Indulgência zero" é o mote do candidato na área.