Vereador gaúcho diz que única solução para Varig é intervenção federal

08/06/2006 - 17h33

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Não há outra solução para a Varig que não seja a intervenção do governo federal. A avaliação é do vereador de Porto Alegre e ex- presidente da Câmara dos Deputados, Ibsen Pinheiro (PMDB), que acompanhou a crise da companhia aérea.

"O que está acontecendo é quase uma morte anunciada, porque eu só vejo um mecanismo eficaz de preservação da Varig, que seria a intervenção firme do governo federal. Não por razão de caridade histórica ou social, embora essas razões sejam relevantes, mas pela razão do mundo dos negócios", disse.

O principal motivo para o governo federal investir na Varig, segundo o vereador, seria o fato de ele ser devedor e credor da empresa. Mas, na opinião dele, o governo não põe dinheiro público na Varig por "estar preso a um discurso ideológico". Por isso, Ibsen acredita que o leilão realizado hoje (08) não resolverá a situação da companhia.

"Estou com a impressão de que um leilão limitado dessa maneira não tem como atender às imensas exigências impostas. Não vejo como isso possa prosperar e desconfio, embora não tenha provas, de que o mercado das grandes empresas está esperando o esfacelamento da Varig para avançar no seu espólio, que são as linhas aéreas e os seus aviões".

Ele avalia que o governo federal deveria, ao menos, atentar para o sentido social de recuperação da companhia, assim, estaria agindo em nome da preservação do próprio interesse público. "Seria dinheiro público sim, para salvar o dinheiro público e para salvar o projeto de uma grande empresa nacional, estratégica para o setor de transportes aéreos, de passageiros e de cargas".

Ibsen destacou que em nenhum país do mundo despreza a idéia de uma empresa nacional que leve a marca do país e citou como exemplo as empresas aéreas Air Fance, Alitalia e Japan Airlines, que têm participação majoritária do governo.

O vereador afirmou, ainda, que não houve acordo para recuperar a Varig porque a ação deveria "ser gerenciada pelo poder público, e não pelo poder de um juiz que, ainda que esteja fazendo um esforço louvável, é muito limitado".

Ele lembrou que o governo do Rio Grande do Sul se comprometeu, em documento escrito, que
ajudaria a resolver o problema da Varig dentro do que lhe fosse possível. E destacou que vários estados também são credores e devedores da Varig e que todos poderiam participar de um "grande encontro de contas" para tentar sanar o problema da empresa.

Com mais de nove mil funcionário na ativa, a Varig tem hoje uma dívida de R$ 7,9 bilhões. Desse total, 60% são dívidas com os governos e 40 % com credores privados. Hoje, durante a realização do leilão da companhia, o consórcio representante dos Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) ofereceu R$ 1 bilhão pela empresa. Foi a única proposta de compra apresentada. O juiz responsável o pelo processo de recuperação judicial da companhia aérea tem 24 horas para aprová-la ou não.