Rio, 7/6/2006 (Agência Brasil - ABr) - O Núcleo de Estudo, Pesquisa e Projetos de Reforma Agrária do Departamento de Geografia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) identificou a atuação de 63 movimentos de trabalhadores rurais sem terra no país, atualmente. A informação foi dada pelo coordenador do Núcleo, professor Bernardo Mançano Fernandes, em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.
Esses movimentos, segundo Fernandes, reúnem cerca de 100 mil famílias, metade delas ligada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Dissidentes desse grupo criaram o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), responsável pelas manifestações ocorridas ontem (6) na Câmara dos Deputados.
Na avaliação do professor, o MLST responde por um número pequeno de ocupações feitas atualmente no país. "Ele reúne famílias para reivindicar a terra e é um movimento pequeno que tem atuado basicamente em Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Norte. É diferente do MST, que atua em todo o Brasil", explicou, acrescentando que "não faz parte da tradição desses movimentos agir com violência".
Fernandes informou que os dois únicos movimentos que têm atuação nacional no país são o MST e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag): "Todos os outros são movimentos regionais estaduais e alguns atuam apenas no município". E destacou que a falta de tradição de comportamento violento é comprovada ao longo da história do país.
"Da história que temos – e podemos voltar ao século 19, desde Canudos, que foi uma luta histórica que Euclides da Cunha tornou memorável no livro Os Sertões – até hoje, as famílias continuaram lutando pelo direito à terra e agora chegam em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, em qualquer cidade do Brasil com suas reivindicações. Mas não faz parte da tradição deles [MLST] o uso da violência", assegurou.