Presidente da Varig afirma que proposta de funcionários contempla necessidades da empresa

08/06/2006 - 15h53

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - O presidente da Varig, Marcelo Bottini, disse há pouco que a proposta da NV Participações para a compra da Varig Operacional, apresentada no leilão de hoje (8), contempla as necessidades da empresa. "Eu fiquei muito contente porque, nas últimas semanas, vimos as pessoas especularem sobre esse assunto e hoje tivemos o hangar cheio e uma proposta", afirmou Bottini.

A oferta apresentada pela NV Participações está agora sujeita à análise do juiz Luiz Roberto Ayoub, que preside o processo de recuperação judicial da Varig. Ayoub deverá tomar uma posição nas próximas 24 horas. "Então, eu, de parte da Varig, estou extremamente contente pelo que aconteceu hoje", afirmou o presidente da Varig.

A NV Participações representa a entidade Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), que reúne as associações de funcionários e sindicatos do setor aéreo. O valor proposto para compra da Varig Operacional, no montante de R$ 1,010 bilhão, ou o correspondente a US$ 449,4 milhões, deverá ser pago em várias parcelas.

A primeira, de R$ 225 milhões, se refere a créditos trabalhistas que a Varig deve aos funcionários; R$ 500 milhões serão pagos em debêntures e participação no lucro da nova companhia; e R$ 285 milhões em moeda corrente nacional. De acordo com o edital, os compradores deverão efetuar o depósito inicial de U$ 75 milhões no prazo de 72 horas e, depois, se necessitarem de mais 30 dias, terão de depositar mais U$ 50 milhões.

O presidente da Varig disse não estar preocupado com o processo uma vez que já sabia de antemão que qualquer proposta apresentada teria um prazo de pelo menos 24 horas de análise pela Justiça. Para ele, o pagamento de apenas R$ 285 milhões em dinheiro vivo é condizente com as necessidades de caixa da Varig no curto prazo.

"Nós dizíamos há alguns meses que a necessidade da Varig, para ela poder cumprir o seu plano de recuperação no ano de 2006, era um aporte de U$ 100 milhões. Dentro disso, o edital foi construído com U$ 75 milhões nessas primeiras 72 horas, mais U$ 50 milhões se necessário e, depois que o novo comprador estiver aqui dentro, ele vai buscar formas de viabilizar a operação da Varig", indicou Bottini.

Segundo ele, mesmo que a Justiça rejeite a proposta da NV, a Varig não prevê uma entrada mais firme do governo no processo para evitar a falência da companhia. Ele informou que o trabalho segue o direcionamento dado pelo próprio governo de buscar uma solução de mercado. "Não me passa na cabeça nesse momento a entrada do governo nesse processo. Pelo menos, nesse momento, até porque foi recebida uma proposta que está sendo avaliada e está dentro do contexto inicial", sublinhou.

O fato de ter havido cinco investidores credenciados e apenas uma proposta apresentada foi analisado por Marcelo Bottini como parte de uma estratégia normal de leilões, embora houvesse a expectativa de que a disputa fosse ser feita em lances de viva voz.