André Deak
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O crime organizado brasileiro pode estar se tornando uma preocupação internacional, avalia o consultor do Senado para assuntos internacionais, Tarciso Dal Maso Jardim. A opinião foi baseada na publicação, hoje (8), de uma nota do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) que cita a violência ocorrida em São Paulo semanas atrás.
A nota afirma que o representante do CICV para Brasil e países do Cone Sul, Michel Minnig, em reunião com o ministro da Defesa, Waldir Pires, discutiu "as conseqüências humanitárias dos episódios de violência ocorridos em São Paulo no mês de maio, que provocaram um grande número de mortos e feridos, inclusive entre membros das forças policiais". Desde 1998 o CICV desenvolve ações para adaptar o trabalho policial cotidiano às normas internacionais de direitos humanos.
"O que sinaliza essa nota é que já se percebe que a situação brasileira é similar a uma situação de distúrbio interno. Isso pode ser uma iniciativa de oferecimento de ajuda, de preocupação internacional a um fenômeno que não se pode mais classificar como mera criminalidade comum", explicou Dal Maso.
O assessor do Senado disse ainda que a nota do CICV "tem uma função simbólica importante. Significa que há uma preocupação com impactos humanitários desses crimes, que já ultrapassam atos esporádicos e fazem parte de um contexto de violência."
Minning também esteve com o assessor especial da Presidência da República, Swedenberge Barbosa, e o presidente da Comissão de Defesa Nacional e Relações Exteriores do Senado, Saturnino Braga. "No Senado, a principal questão abordada foi a importância de o Brasil fazer parte dos tratados internacionais que determinam a proteção de pessoas e bens em situações de conflito armado, e especificam quais meios e métodos podem ser usados por combatentes nestas situações", explicou a nota.
Entre 12 a 20 de junho, a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) promoveu ataques a policiais em São Paulo. As ações do PCC e a resposta policial causaram mais de cem mortes, sendo que nem todos os corpos foram ainda identificados. Houve acusações de que a polícia poderia ter violado os direitos humanos, praticando, por exemplo, execuções.