Juliana Andrade
Repórter da Agência

Brasília – A falta de coordenação das polícias do estado de São Paulo dificulta o enfrentamento a organizações criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC). A avaliação é do presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais Giovanni Falcone, o juiz aposentado Walter Maierovitch.

Em entrevista hoje (15) à Rádio Nacional de Brasília, ele disse ver com revolta a onda de violência no estado e afirmou que o "corporativismo fechado" favorece a atuação do crime organizado. "Se a gente pensar no estado de São Paulo, temos problemas de comunicação entre polícias - polícia civil e polícia militar - embora o governo diga que não. Sabemos que essas duas corporações não se afinam, mais do que isso, temos também uma Polícia Federal que está distante", disse o juiz, que é especialista em crime organizado.

Na opinião dele, o primeiro passo para combater as organizações criminosas é justamente definir uma coordenação entre as ações. "Há a necessidade de um poder coordenador no sentido de passar ordens, examinar as informações, captar essas as informações e centralizá-las".

Ele defende também o desenvolvimento de um trabalho continuado e especializado. "No estado de São Paulo o que se viu desde 2001 até agora foi esse tipo de organização, o PCC, atuar e submergir. Toda vez que o PCC submergia, se encolhia, as autoridades do governo do estado de São Paulo declaravam que essa organização tinha sido liquidada", observou.

Para Maierovitch, um dos erros do governo paulista foi julgar que o PCC estivesse desarticulado. "Vemos agora que o PCC não estava desarticulado, como nunca esteve desarticulado. Mais do que isso, dentro dos presídios, de onde sai sempre uma voz de comando, eles conseguem fazer uma rede de comunicação, não se consegue nem tirar os celulares dos presos, e essa rede de comunicação é muito ágil", afirmou, acrescentando que, em São Paulo, o poder deixou para agir depois que a crise se instalou.