Em manifesto, entidades criticam opositores ao sistema de cotas para negros

12/05/2006 - 19h56

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Diversas entidades que defendem a adoção de um sistema de cotas para o ingresso de alunos negros em universidades públicas publicaram hoje (12) manifesto com críticas a "ataques" que, segundo as entidades, estão sendo feitos por lideranças políticas, setores da imprensa e de parte da intelectualidade brasileira, contra a aprovação do Projeto de Lei nº 73/99, que institui o sistema de cotas para alunos negros, indígenas e da rede pública de ensino nas unidades de ensino das universidades públicas federais.

"Decidimos nos manifestar, explicitando que os ataques que têm sido feitos contra o Projeto de Lei nº 73/99 e contra a permanência das cotas no texto da Reforma Universitária não refletem o pensamento da intelectualidade negra, nem do movimento social negro e dos demais movimentos envolvidos na luta pela democratização da Universidade e a qualidade do ensino no país", diz o manifesto.

O texto – assinado por entidades participantes do Movimento Negro e do Movimento Estudantil – defende a legitimidade da adoção de medidas, por parte do governo federal, que combatam a desigualdade econômica e social que atinge a população negra e indígena do país.

"Por isso, é lícito que a lei que versa sobre a educação superior contemple, em seu texto, a construção da justiça e da igualdade racial para os segmentos historicamente discriminados. A universidade pública precisa se transformar, de fato, em um direito do povo negro, assim como ela já tem sido para outros grupos sociais e étnico-raciais da população".

Para Edson França, representante da União de Negros pela Igualdade (Unegro), entidade que apóia o manifesto, o sistema de cotas para alunos oriundos de escolas públicas pode ser uma boa saída. "Ela congrega os dois problemas: o social e o racial. E entendemos que dentro dessa proposta, obviamente, a gente tem que contemplar uma parcela de negros, porque senão, não resolve o problema da desigualdade racial", afirma.