Conferência discute pela primeira vez o acesso que as cidades oferecem às pessoas com deficiência

12/05/2006 - 17h11

Bianca Paiva
Da Agência Brasil

Brasília – Começa hoje (12), em Brasília, a 1ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. No encontro, que vai até segunda-feira (15), cerca de 1.500 pessoas vão debater o tema "Acessibilidade – Você também tem compromisso".

Segundo a coordenadora geral da conferência, Cândida Carvalheira, o evento foi precedido por conferências e fóruns municipais, regionais e estaduais que discutiram esse tema a partir de três eixos temáticos: como implementar a acessibilidade, como realizar as políticas públicas em relação à acessibilidade e como garantir orçamento e recursos humanos.

Nas conferências estaduais, foram escolhidos os delegados que vão debater a problemática e o que é preciso fazer para que o poder público assuma sua parcela de responsabilidade, disse Cândida Carvalheira. Segundo ela, o documento final do encontro deverá ser o resultado dos debates ocorridos, da etapa municipal até a federal.

Carvalheira explicou que a palavra acessibilidade é muita ampla e que não se refere apenas a barreiras arquitetônicas. Ela fala do acesso à informação, não só das pessoas com deficiência física, mas também visuais, auditivas e mentais. Acessibilidade diz respeito ainda às novas tecnologias, ao lazer, à cultura, ao turismo, à educação, à saúde e ao trabalho. "E, respeitando toda essa necessidade que a pessoa com deficiência tem para se igualar diante de todos e poder participar de tudo e ser incluída em todas as políticas", acrescentou.

De acordo com Cândida Carvalheira, esse tema não se esgota só com a conferência. "Acredito que isso vai ser um marco até para iniciar uma mudança de postura da sociedade brasileira em relação ás pessoas que tem deficiência", completou.

Segundo a coordenadora da área de Direitos da Pessoa com Deficiência da Secretaria de Direitos Humanos, Izabel Maior, a sociedade já tem essa idéia de que é "um compromisso de cada um". "O número de pessoas com deficiência no Brasil é de aproximadamente 14,5% e sempre um número de três a quatro pessoas convive com cada pessoa com deficiência. Então, temos pelo menos metade da população conhecendo isso", afirmou Izabel.

"Além disso, ainda estamos fazendo um trabalho, e as associações também, no sentido de divulgar a necessidade da inclusão das pessoas com deficiência, passando pelo direito a ter acesso a tudo", completou.

Em entrevista à NBR, Maior disse que a acessibilidade de pessoas com deficiência sensorial não passa só pelo ambiente físico, mas está relacionada, principalmente, à legenda, presença de intérpretes, janela de intérprete na televisão para pessoas surdas e material em braile, programas de computador que leiam as informações para as pessoas cegas.

A conferência está sendo realizada pelo Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade) da Secretaria Especial dos Direitos Humanos.