América Latina e Caribe têm proposta para reduzir preconceito contra aids na região

06/05/2006 - 18h03

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Os países da América Latina e do Caribe têm, a partir de hoje (6), uma proposta conjunta de ação para diminuir o preconceito contra os portadores de aids na região. A epidemia afeta 36 milhões de pessoas no mundo, das quais mais de 90% em idade produtiva, conforme afirmou o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavia, no encontro A Aids e o Mundo do Trabalho na América Latina e no Caribe.

Depois de um dia de intensos debates, que reuniram delegados de 20 países, inclusive oito ministros de estado, o encontro de Brasília – organizado pela OIT e pelo Comitê de Organizações Copatrocinadoras da Unaids – aprovou proposta de trabalho com enfoque na luta contra preconceitos aos soropositivos. Discriminação que "é proporcional ao grau de ignorância sobre o assunto", como afirmou o diretor de Proteção Social da OIT, Assane Diop, no encerramento da reunião.

A proposta pede que os governos do continente intensifiquem e ampliem os programas de combate e tratamento da aids, com participação de todos os interlocutores sociais, a começar pelos empregadores, empregados e suas entidades representativas. O objetivo, no caso, seria a criação de um ambiente de trabalho no qual todos tenham consciência de que a aids tem tratamento, embora ainda não tenha cura.

Os delegados do encontro afirmaram também a necessidade de o poder público assegurar condições jurídicas e políticas favoráveis ao desenvolvimento de programas no ambiente de trabalho, com ênfase em ações que reduzam a discriminação e protejam os direitos e a saúde dos trabalhadores. Nesse particular, criticaram o trabalho informal, que não garante o mínimo dos direitos sociais.

De acordo com o ministro de Trabalho e Emprego do Equador, Galo Chiriboga, é lamentável que 25 anos depois do aparecimento do vírus da aids ainda exista um "número diminuto de empresas envolvidas no combate ao problema". Segundo ele, a melhor política que se pode ter para ajudar as pessoas que contraíram o vírus é a "oferta de empregos, para que se sintam mais confiantes na vida, e o respeito aos direitos dos trabalhadores".

O engajamento empresarial na questão ainda é tímido, mais já existe e está em evolução, de acordo com testemunho do secretário-geral da Organização Internacional dos Empregadores (OIE), Antonio Peñalosa. Ele disse que a OIE representa interesses de empresas de 37 países; todas com consciência de que "o mundo empresarial sofre com os custos humanos da aids no trabalho".

O presidente do Comitê Executivo do Conselho Empresarial Nacional para Prevenção ao HIV/Aids, Murilo Alves Moreira, também deu testemunho de que algumas empresas – citou Volkswagen, Natura, Avon, Bradesco, Itaú, Embraer, Brasil Telecom e Confederação Nacional dos Transportes (CNT), dentre outras – colaboram na estratégia de comunicação para pequenas e médias empresas.

Exemplo disso, acrescentou o empresário, tem sido a farta distribuição de material publicitário para comunicação interna nas empresas, com slogans do tipo "Empresários unidos por resultados negativos", ou "Funcionário! Vista a camisinha de sua empresa".