Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Polícia Federal desarticulou uma quadrilha que fraudava licitações para compra de ambulâncias, unidades móveis de tratamento intensivo e equipamentos hospitalares. O esquema tinha integrantes que atuavam dentro do Congresso Nacional, do Ministério da Saúde, nas prefeituras e em uma associação de municípios do Mato Grosso. A operação abriu mais de 140 inquéritos sobre 76 municípios, envolvendo mais de mil ambulâncias, que custavam em média R$ 100 mil. Até agora, 46 pessoas foram presas.
Segundo o diretor regional da Polícia Federal em Cuiabá, Tardeli Boaventura, a denúncia foi feita pelo ex-ministro da Controladoria Geral da União Waldir Pires. O diretor explica que a quadrilha atuava em todas as regiões do país, mas tinha base no Mato Grosso. A atuação da quadrilha possuia três frentes: junto às prefeituras para fraudar licitações, no Congresso Nacional para elaborar emendas parlamentares e no próprio Ministério da Saúde para liberação de recursos.
Um integrante da quadrilha oferecia o serviço aos prefeitos, dizendo ter "bom trânsito" na Câmara e no Senado. Os assessores cuidavam para que os parlamentares elaborassem uma emenda específica para o município deste prefeito. A terceira pessoa era a assessora do Ministério da Saúde, responsável por agilicar o processo e colher a assinatura do ministro ou do secretário-executivo para liberar as verbas.
"A quadrilha tinha 23 empresas fantasmas para fraudar licitações e fingir concorrência. A quadrilha recebeu no total R$ 110 milhões e deve ter desviado cerca de R$ 50 milhões. Além de superfaturamento, eles entregavam as ambulâncias sem os equipamentos previstos da UTIs", explica o delegado.