Cristiane Ribeiro
Enviada especial
Porto Velho – Com pinturas de guerra, representantes de várias aldeias indígenas cantaram e apitaram hoje (4) em protesto contra a construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Girau, no Rio Madeira, em Rondônia.
Ele estão em Porto Velho para discutir as conseqüências do Complexo com organizações não-governamentais e movimentos sociais. O líder indígena Zacarias Gavião enfatizou que o empreendimento vai comprometer a saúde do rio, além de inundar a história cultural que construíram há dezenas de anos às margens do rio.
"Não vamos ter mais o peixe e também a obra vai destruir várias plantas medicinais que só existem na beira do rio. Nossa cultura também estará indo para o fundo. O sentimento histórico do Povo Gavião será inundado. Então, estamos unidos para protestar contra esse projeto do governo, defendendo a dignidade do nosso povo", disse Gavião.
O projeto das usinas foi desenvolvido por Furnas Centrais Elétricas em parceria com a construtora Norberto Odebrecht. O pedido de licenciamento ambiental foi encaminhado ao Ibama em junho do ano passado e no início desse ano, o órgão pediu estudos complementares, que já foram entregues e agora estão sendo analisados.
Para o engenheiro Acyr Gonçalves, da coordenação ambiental de Furnas, o projeto é viável, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental e social. Ele explicou que a implantação do complexo prevê um conjunto de medidas para diminuir os problemas que podem acontecer. "Também estamos prevendo potencializar as oportunidades que o empreendimento vai oferecer para a região. É papel do empreendedor e da sociedade cuidar para que os benefícios sejam realmente implantados na região", disse.
Ainda segundo o engenheiro, o projeto foi elaborado para atender uma necessidade de incorporação de mais energia na matriz elétrica do país e evitar qualquer desabastecimento nacional.