Apenas 30 países definiram prazos e metas para eliminar trabalho infantil

04/05/2006 - 14h09

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Apesar da redução mundial de 11% no trabalho infantil, o relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado hoje (4), alerta que é preciso continuar avançando nas ações de combate a esse problema. De acordo com o relatório, apenas cerca de 30 países já definiram prazos e metas a serem adotados para conseguir a eliminação das piores formas de trabalho infantil nos próximos dez anos. A OIT propõe que os demais países passem a adotar estratégias até 2008 para ter condições de cumprir esse compromisso.

O relatório destaca também as questões que precisam receber mais atenção nos próximos anos, como o uso de mão-de-obra infantil na agricultura. De cada dez crianças que trabalham sete estão na zona rural. Os países também precisam adotar medidas para enfrentar o trabalho forçado, em regime de servidão por dívida e doméstico. "O trabalho infantil doméstico continua a ser uma questão extremamente sensível, pois aparece freqüentemente disfarçado de acordos em família dentro de um ambiente supostamente protetor", destaca o documento.

A situação no continente africano, onde foram registrados os menores índices de redução, também é um aspecto que precisa de atenção, segundo o relatório. Na África sub-saariana, onde existe a maior incidência de trabalho infantil, quase 50 milhões de criança exercem alguma atividade, ou seja, 26,4% da população infantil da região, proporção maior do que a de qualquer outra localidade. Em 2000, eram 28,8%.

O crescimento da pobreza, segundo o relatório, é uma das causas da situação da África sub-saariana. O continente africano é o único onde a proporção da população pobre cresce. A estimativa é que o número de pessoas pobres aumente para 404 milhões até 2015. Em 1999, eram 315 milhões.