Pesquisas mostram exclusão semelhante entre jovem vendedor de frutas no Rio e pedreiros em Recife

02/05/2006 - 21h51

Aline Beckstein
Repórter da Agência Brasil

Rio – A falta de vínculos com a cidade e o desejo de voltar para o campo são pontos comuns entre jovens vendedores de abacaxi no Rio de Janeiro e pedreiros de Recife. Os primeiros abandonaram bairros rurais do Espírito Santo. Os de Recife deixaram as comunidades do agreste e do sertão pernambucano.

Para Maria José Carneiro, responsável pela pesquisa do Rio, a volta ao campo "é um desejo de muitos dos jovens brasileiros, apesar das diferenças regionais". Muitos deles ainda sofreriam preconceitos e teriam grandes dificuldades de inserção social, segundo o trabalho que defendeu na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Ela avalia que os jovens que vendem abacaxis em caminhões "são quase como expectadores no Rio". Sem relações com a cidade, "sonham em voltar para o Espírito Santo, aonde pretendem se casar e passar o resto de suas vidas", disse Maria José Carneiro.

Já os rapazes que trabalham como pedreiros temporários em Recife raramente abandonam definitivamente sua ocupação de agricultor, segundo a pesquisadora Maria Nazareth Wanderley, da Universidade Federal de Pernambuco. "Em primeiro lugar, porque eles não vêem sua ocupação momentânea como um emprego. Muitos mantêm até o domicílio oficial em seus municípios de origem". Ela conta que outro motivo para manterem os vínculos é "o medo de perder o direito de garantia à aposentadoria rural".

As pesquisadoras apresentaram seus trabalhos, hoje, durante a abertura do Seminário Juventude Rural em Perspectiva", organizado pela UFRRJ e o Ministério do Desenvolvimento Agrário.