Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Em entrevista nesta noite à Telesur, o presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou que o governo não está expulsando nenhuma empresa petrolífera do país. As empresas apenas não vão lucrar como antes. "Antes, sobrava apenas 18% para a Bolívia, as empresas ganhavam 82%. Agora será o contrário. Sei que isso afeta tremendamente as empresas, mas uma equipe técnica nacional e internacional estudou o assunto e com 18% [as empresas] ganham. Mesmo com 10% as empresas ganham, não estamos cometendo nenhum abuso", disse.
O presidente boliviano lembrou que "nacionalizar os recursos naturais privatizados durante os governos neoliberais" era um de seus compromissos de campanha. "Historicamente a Bolívia foi saqueada em seus recursos naturais. Saques que terminam agora", destacou. "Se antes a Bolívia era terra de ninguém, agora é terra de alguém, do povo boliviano, especialmente os povos indígenas."
A medida, segundo Morales, representará inicialmente a entrada de US$ 400 milhões no tesouro boliviano – os ingressos devem aumentar com a industrialização dos recursos naturais. "Pela primeira vez a Bolívia vai começar a industrializar seus recursos naturais", disse. "O Estado vai tomar o controle absoluto sobre a exploração, a exportação, comercialização e industrialização", afirmou. "Cumprimos com nossa promessa eleitoral de ter sócios, não patrões."
Morales disse que havia conversado com Lula e que aguardava novo telefonema para marcarem um encontro. Às 19 horas desta noite, entretanto, a Assessoria de Imprensa e Porta Voz da Presidência da República divulgou nota dizendo que a reunião entre os dois presidentes acontecerá na quinta-feira (4), em Foz do Iguaçu.
Ontem (1º) ele anunciou a nacionalização das reservas na Bolívia. Ela se baseia em um referendo de julho de 2004, quando a população votou a favor de que a Bolívia recuperasse a propriedade de suas reservas. Na década de 1990, elas haviam sido privatizadas pelo então presidente Hugo Banzer. Com a decisão, os campos de produção das empresas estrangeiras na Bolívia, dentre eles, o da Petrobras, foram nacionalizados e ocupados pelo Exército.