Aline Beckstein
Repórter da Agência Brasil
Rio – A presença maciça de mulheres abandonando o campo na região sul é um dos pontos que chamou a atenção da pesquisadora Anita Brumer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Segundo ela, entre os 15 e 60 anos o êxodo do meio rural é muito mais acentuado entre o sexo feminino, o que vem provocando profundas transformações no conceito da agricultura familiar.
Segundo a sua pesquisa, apresentada, hoje, durante o Seminário Juventude Rural em Perspectiva, entre as causas do fenômeno está o papel secundário da mulher na agricultura familiar. "Elas não dominam a tecnologia de produção e raramente herdam as terras na partilha dos bens. O seu trabalho é mais com a horta e pequenos animais, uma atividade vista como complementar a atividade do homem".
Para Anita Brumer, isso está provocando "a formação de homens solteiros como os chefes de um estabelecimento que deveria ser a agricultura familiar, criando um paradoxo para essa forma de produção".
A falta de mulheres no campo nos três estados sulistas também estaria contribuindo para a intensificação da migração masculina. "Os homens reclamaram, nas nossas pesquisas, sobre a falta de uma mulher para preparar a comida e o chimarrão, [reclamaram] da casa vazia", afirmou a pesquisadora. "Já os jovens com menos de 24 anos disseram que não queriam ficar os solteirões que eles conheciam."