Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro de hidrocarbonetos da Bolívia, Andres Soliz Rada, disse que serão realizadas auditorias para verificar o volume de investimento das petroleiras no país e todo a movimentação econômica feita na última década. "O resultado das auditorias nos levará a determinar os tipos de contrato e o nível de tributações", explicou.
Desde ontem todos os contratos do país com as empresas petroleiras foram cancelados. A partir de agora, o governo boliviano negociará, durante seis meses, novos contratos e como as empresas deverão agir.
De acordo com afirmação do ministro feita hoje (2) durante entrevista ao canal Telesur, "tudo dependerá das auditorias, para que o Estado elabore e apresente novos contratos e não seja o Estado que se submeta aos modelos de contrato que as petroleiras elaboravam, que era o que acontecia".
A realização de novos contratos trará "resultados econômicos bastante importantes" para o país, segundo o ministro boliviano. Ele cita o caso da empresa brasileira Petrobras, que antes pagava 50% de tributação sobre a exploração de dois megacampos e agora pagará 82%. Esses dois campos são responsáveis por 70% da exportação do gás que vinha para o Brasil.
"Em estudos realizados por nós está demonstrado que Petrobras pagou com toda comodidade, há vários anos, seus gastos de investimento. De modo que, há vários anos, esses megacampos têm utilidade verdadeiramente extraordinárias das quais o povo boliviano quer participar", disse o ministro.
Ele informou ainda que outros campos bolivianos abastecem 80% do mercado de São Paulo. Por isso, ele acredita que a Petrobras e o governo brasileiro "são os mais interessados em que a produção boliviana não diminua e seja normal".
Essa é a terceira vez que a Bolívia passa por um processo de nacionalização do petróleo. Com o primeiro, em 1937, o país recuperou a produção petroleira detida por duas empresas, uma inglesa e uma norte-americana. Na segunda, em 1969, foram recuperados US$ 3 bilhões em reservas de gás. Segundo o ministro, essa terceira nacionalização permitirá o controle de reservas que chegam a US$ 250 bilhões.