Aline Beckstein
Repórter da Agência Brasil
Rio – A dificuldade de acesso da juventude camponesa ao ensino médio é um dos temas que serão apresentados por jovens de movimentos sociais durante o Seminário Juventude Rural em Perspectiva. Estarão presentes ao encontro jovens da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O evento, que começou hoje e vai até a quinta-feira no Rio, reúne pesquisadores, representantes de governo e jovens. A proposta é articular um debate sobre essa parcela da população e a relação dela com as políticas públicas específicas.
Para a coordenadora de Juventude da Fetraf, Severine Macedo, a política do Ministério da Educação, iniciada nos anos 90, teve um forte impacto negativo para inserção dos jovens no ensino médio. "Passou-se a ter uma política de formar escolas nucleadas, fechando instituições do interior e levando para as cidades", disse ela, que tem 23 anos.
Severine Macedo também criticou a ausência de uma política integrada entre conteúdos escolares e os interesses do campo. "Falta uma metodologia que inclua na grade curricular a nossa realidade, que nos capacite e estimule a permanecer no campo", afirmou.
O secretário de Educação Continuada do Ministério da Educação, Ricardo Henriques, afirmou, contudo, que o governo vem se esforçando para a criação de uma metodologia educacional específica para o campo. Segundo ele, no momento a prioridade do ministério é para o ensino fundamental, inacessível para cerca de 800 mil jovens do campo.
"Na semana passada nós lançamos o Programa Saberes da Terra, que visa a dar formação de ensino fundamental e profissionalizante aos jovens do campo. O programa formulou uma grade curricular específica para esses jovens", disse Henriques.