Padrão de TV e rádios digitais é tema de debates no 2º Fórum Social Brasileiro

23/04/2006 - 8h43

Spensy Pimentel
Enviado especial

Recife - Demorou mais de dez anos até que fosse definido o padrão de TV em cores no Brasil, nos anos 60, e depois levou-se ainda outra década para que a população em geral passasse a ter acesso ao novo aparelho. Na avaliação do pesquisador Marcelo de Alencar, do Instituto de Estudos Avançados em Comunicações (Iecom), esses dados servem para mostrar que a definição sobre o padrão de TV e rádio digitais que o Brasil adotará não precisa ser feita de forma apressada.

"Não há nenhum movimento popular na rua pedindo TV digital agora", disse ele, em atividade promovida pela Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital, durante o 2° Fórum Social Brasileiro. A rede de entidades foi formada para procurar interferir no debate sobre a adoção dos novos padrões. A idéia é que seja levado em conta primeiro qual o objetivo que o país quererá alcançar a partir da transição tecnológica, para que só aí se decida qual padrão tecnológico será adotado.

O Iecom, de que participa Alencar, foi responsável por um dos 20 grupos de pesquisa que, em fevereiro, apresentaram relatórios sobre as tecnologias e padrões necessários para fazer a transição para o digital. Ele explicou aos representantes dos movimentos sociais algumas diferenças entre os padrões japonês, norte-americano e europeu de TV digital.

Na avaliação dele, as grandes emissoras de TV lançaram comerciais para promover a questão da gratuidade e do conteúdo nacional como valores porque sabem que, a depender do padrão digital a ser adotado, as companhias telefônicas poderão ser favorecidas, passando a disputar mercado na transmissão de informação. Por exemplo, a companhia telefônica poderia vender no sistema "pay per view" a transmissão de um jogo de futebol pelo celular. "Os radiodifusores não querem correr risco de que a legislação seja reescrita", disse ele.