País precisa de um "patamar razoável" de juros, defende presidente do BNDES

22/03/2006 - 22h19

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Guido Mantega, considera que um "patamar razoável" seria uma taxa de 3 a 4% de juro real – o que representa cerca de 9% de juro nominal. "è claro que não dá para alcançar imediatamente, mas a meta deve ser essa, que é a taxa nos países emergentes semelhantes ao Brasil". Ele define a política econômica dos 3 primeiros anos de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Foi absolutamente eficiente e é ela que nos permite, agora, dar os passos em direção a um crescimento mais robusto".

O presidente do BNDES garante que os juros podem cair sem risco da inflação subir pois, segundo ele, há ociosidade na economia devido desaceleração de 2005. "Se houvesse uma redução mais acelerada de juros, não acredito que elevaria a inflação. Os setores produtivos têm alta produtividade. O setor agrícola poderia estar produzindo muito mais, enfrentou uma crise ao passado e tem capacidade para se expandir", exemplificou. Ele também citou a capacidade ociosa da indústria automobilística. "Embora tenha crescido a taxas bastante importante, tem uma grande capacidade ociosa. Atingimos 2,6 milhões de veículos produzidos e a capacidade é para 3,5 milhões", disse. E assegurou"Estamos preparados para um aumento de oferta que impeça a elevação da inflação".

Mantega também defendeu a redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), utilizada pelo BNDES na concessão de financiamentos. "Sabemos que a mola mestra do crescimento e do desenvolvimento é o investimento. Portanto temos que cuidar que em 2006 o investimento se dê a patamares mais elevados em 2005. O BNDES trabalha para isso e um dos aspectos fundamentais que caia a TJLP", destacou. Em dezembro passado a TJLP foi fixada em 9%. Amanhã (23) deve ser reavaliada pelo Conselho Monetário Nacional e Mantega acredita que possa cair para 7%. "Estaria de bom tamanho", avaliou.