Protesto contra aumento de tarifas no Distrito Federal já havia sido feito em janeiro

22/03/2006 - 9h36

Danielle Coimbra e Mylena Fiori
Da Agência Brasil

Brasília – No dia 6 de janeiro deste ano, cerca de 200 estudantes, integrantes do Movimento Passe Livre (MPL) fizeram uma manifestação na Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília, contra o aumento das passagens de transporte público no Distrito Federal, que havia ocorrido no dia 1º. Munidos de latas, faixas e com gritos de guerra, os estudantes chamaram a atenção de quem passava pela rodoviária. O movimento também reivindicou a efetivação do passe livre, passagem gratuita para estudantes.

Na época, a estudante Maria Paiva Lins, militante do Movimento Passe Livre (MPL), afirmou que os estudantes continuariam com as manifestações até conseguir uma resposta. "Esperamos que o governo e os empresários voltem atrás, porque a única justificativa que eles usaram foi a manutenção da margem de lucros e o financiamento da campanha eleitoral", disse. O MPL defende a criação de um passe gratuito para estudantes. "Queremos o passe livre amplo e irrestrito para o pleno acesso à educação e cultura, em todos os âmbitos da sociedade", defendeu.

No dia 1° de janeiro, o governo reajustou as passagens do DF em 21,5%, atendendo às operadoras do serviço de transporte público e ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setransp). Os valores foram os seguintes: de R$ 2,50 para R$ 3, de R$ 1,60 para R$ 2, de R$ 1,20 para R$ 1,50 e a passagem do metrô, que antes era R$ 1,50, passou para R$ 2.

A manifestação que parou a capital federal foi estendida a outras cidades. Recife, Florianópolis, Salvador e Franca, no interior paulista, foram palco de protestos do Movimento Passe Livre.

A tarifa de ônibus representa até 8% do orçamento familiar em algumas cidades, como o Rio de Janeiro, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os preços de passagem respondem por 5% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – usado para o cálculo da meta de inflação pelo Banco Central.

Pesquisa da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda mostrou que a tarifa de ônibus é o preço administrado que mais pesou de janeiro a novembro do ano passado. Também foi o preço administrado que mais cresceu em 1995, 1998, 2001 e 2003.

Preços administrados são os regulados por órgãos governamentais – como tarifas de energia, telefone, ônibus, gasolina e planos de saúde. Estudo da Seae mostra que, entre maio de 1995 e novembro do ano passado, os preços administrados subiram quase quatro vezes mais que os preços livres – que não têm nenhum tipo de regulação, como alimentos, roupas e eletrodomésticos. Somente até novembro do ano passado, os preços administrados cresceram 8,38%, contra 4,02% dos preços livres.