Governo entrega primeiro imóvel rural de programa voltado a jovens negros

22/03/2006 - 13h39

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Começar a vida sendo dono da própria terra. É o que vai acontecer com um grupo de 26 jovens negros, agricultores da comunidade de Damásio, município de Guimarães, no noroeste do Maranhão.

Eles receberam hoje (22) do governo o título do primeiro imóvel rural adquirido com crédito do programa Terra Negra Brasil, criado especialmente para jovens agricultores negros. A fazenda Dois Irmãos tem cerca de 460 hectares, o equivalente a 42 campos de futebol.

O agricultor Gilberto Martins, de 29 anos, é um dos donos da fazenda e beneficiário do programa. Ele afirma que o grupo pretende trabalhar a terra cultivando frutas e hortaliças, além de produzir farinha de mandioca, produto muito consumido no Maranhão.

Os jovens pretendem ainda criar galinhas, peixes, porcos e aproveitar a beleza da propriedade para desenvolver atividades de turismo rural. As negociações para a compra da terra foram feitas com a participação do Banco do Nordeste.

O grupo procurava crédito e descobriu que o governo federal estava abrindo uma linha especial dentro do Programa Nacional de Crédito Fundiário. A exigência para obter o dinheiro era que o grupo fosse de jovens entre 18 e 32 anos, que já trabalhassem com agricultura e fossem negros.

No final do ano passado, o grupo de jovens agricultores recebeu a boa notícia: foi aprovado um crédito fundiário no valor de R$ 67 mil para a compra do imóvel e outros R$ 340 mil para investimentos em infra-estrutura.

Na negociação com o banco, ficou acertado que eles vão ter o prazo de três anos para iniciar o pagamento do empréstimo (carência) e 17 anos para quitar o valor, com taxa de juros de 3% ao ano.

"Para você ter uma idéia, R$ 67 mil para esse período, se eles tiverem 100 galinhas capoeira eles pagam a prestação, que é só uma anual, eles pagam isso vendendo os ovos", explica o secretário de reordenamento agrário do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Eugênio Peixoto.

Além do título aos jovens agricultores negros, o governo também entregou títulos de terras a quatro comunidades quilombolas do Maranhão. "A nossa intenção é dar visibilidade às comunidades negras e permitir a ampliação da inserção produtiva na sociedade naquelas áreas em que a comunidade quilombola já conseguiu a sua terra, mas ela é insuficiente", afirma Peixoto.