Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os governos do Brasil e Paraguai reiteraram hoje (22) o compromisso de garantir que a Ponte da Amizade, que liga os dois países, mantenha-se aberta para a circulação de pessoas, veículos, mercadorias e bens. Segundo o subsecretário-geral da América do Sul do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, José Eduardo Felício, o assunto foi discutido hoje, em reunião com o vice-ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Emílio Jiménez.
A reunião, que tratou ainda de incidentes ocorridos recentemente na região de Foz do Iguaçu, no Paraná, e de Ciudad del Este, no Paraguai, foi solicitada pelo governo paraguaio, com o objetivo de buscar soluções permanentes para os problemas da tríplice fronteira. Jiménez disse que é preciso estabelecer regras claras para a questão. "Nós queremos estabelecer regras claras que permitam estabelecer condições para o trânsito na região da Ponte da Amizade".
Desde o início desta semana, a ponte está fechada do lado paraguaio, por causa de protestos de motoristas de táxi daquele país contra a ação da Receita Federal de apreender carros que estejam carregando grande quantidade de mercadorias. A Receita entende a ação como contrabando de mercadorias. Jiménez garantiu que ainda hoje a ponte seria reaberta.
Entra as medidas acordadas, estão o controle da emissão de notas fiscais, critérios coordenados para o fluxo de pessoas e de veículos, cooperação das autoridades dos dois países para evitar o arremesso de mercadorias de cima da ponte e avaliação com devido critério da questão da apreensão de veículos e esclarecimento das situações em que isso pode ocorrer.
O vice-chanceler paraguaio destacou a boa vontade do governo brasileiro no tratamento da questão e na busca de um entendimento. Ele ressaltou que os problemas da fronteira não são só do Paraguai, mas também do governo brasileiro. E mais, da tríplice fronteira, da qual fazem parte o Brasil, o Paraguai e a Argentina. Para Felício, o problema deve ser resolvido por um esforço conjunto dos dois países. Segundo ele, o governo brasileiro tem "consciência de que não é um problema paraguaio, mas da fronteira."
Jiménez lembrou que seu país trabalha em soluções de longo prazo para melhorar a vida de todas as pessoas da região. Uma delas é trabalhar junto com o Brasil para transformar a região numa zona comercial industrializada. "Podemos ter indústrias que complementem a produção industrial brasileira. Vamos trabalhar dentro do espírito do Mercosul, não vamos competir com a indústria brasileira", explicou.
Já o Brasil busca um plano de desenvolvimento que atraia investimentos para a região, tanto na área comercial quanto na turística. "Há que se fazer um esforço conjunto para o desenvolvimento da fronteira, independente do lado em que você está. Temos consciência de que os problemas da fronteira só serão resolvidos com planos de longo prazo em alguns casos tem que mudar a cultura da fronteira, em outros tem que mudar a estrutura produtiva", afirmou Felício.
Ele disse que o governo brasileiro defende também, como medida de curto prazo, uma reforma do lado paraguaio da Ponte da Amizade, como já feito no lado brasileiro, para melhorar a circulação de pessoas e veículos. A obra custaria cerca de US$ 3 milhões. Segundo o diplomata, o Brasil irá ajudar o governo paraguaio a conseguir os recursos necessários.
Felício informou que, na próxima semana, haverá reunião em Foz do Iguaçu, da qual participarão representantes das chancelarias dos dois países e dos órgãos de fiscalização que atuam na fronteira para tratar de questões da região.