Rio, 22/3/2006 (Agência Brasil - ABr) - Empresas ligadas à indústria do petróleo e gás poderão, a partir de agora, expandir seus negócios para o mercado internacional. É o que prevê convênio firmado hoje (22) entre a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e a Agência de Promoções de Exportações e Investimentos (Apex), que vai patrocinar a participação de pequenas e médias empresas que fabricam equipamentos para extração e transporte de petróleo e gás em eventos internacionais.
Segundo Bruno Musso, um dos superintendentes da Onip, grande parte do potencial exportador está exatamente na pequena e na média empresa, que, sem apoio oficial, têm dificuldades para mostrar sua capacidade de produção fora do país. Ele disse que o convênio "é uma maneira de conseguir congregar o setor de petróleo como um todo. Não só a grande empresa, mas também a cadeia produtiva que existe e é forte no Brasil".
Os investimentos de R$ 853 mil previstos no convênio vão permitir que 22 empresas do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Sergipe e Bahia participem da Offshore Technology Conference (OTC) , um dos maiores eventos do mundo no segmento da indústria ligada a petróleo e gás, em maio em Houston, nos Estados Unidos.
Musso lembrou que, historicamente, as empresas da chamada indústria pára-petroleira sempre produziram apenas para o mercado interno e para um único cliente – a Petrobras – mas ressaltou que hoje existe um grande mercado de exportação a ser explorado. Para ele, além dos ganhos adicionais, a ampliação para o mercado externo é importante, pois vai permitir que a indústria fornecedora ganhe autonomia e não fique sujeita aos ciclos de investimentos da estatal brasileira.
"A idéia é que daqui a alguns anos, principalmente quando a Petrobras não estiver investindo no mercado nacional tão fortemente como agora, o país tenha uma possibilidade de fornecimento para o exterior capaz de manter a capacidade econômica das empresas brasileiras em níveis razoáveis". explicou.
O presidente da Apex, Juan Quirós, destacou a necessidade de ampliar a participação do petróleo no mercado externo e de levar ao mundo os produtos brasileiros, sobretudo os ligados à tecnologia de águas profundas, que é dominada pelo Brasil.
O avanço das indústrias brasileiras ligadas ao processamento de petróleo e gás cada vez mais amplia sua capacidade produtiva e de geração de empregos. Só as 1.300 empresas cadastradas na Onip, que não representam todo o setor, somam hoje cerca de 310 mil empregos no país.
Conforme Bruno Musso, do total de empresas cadastradas na organização, cerca de 30% já têm condições técnicas de acessar o mercado externo, mas precisam ser apoiadas para isso.
Ele disse que, de modo geral, a indústria brasileira atende às exigências de qualidade e preço do mercado internacional, embora muitas empresas precisem adequar produtos ou procedimentos para se adaptar à demanda de outros países e de outras empresas produtoras de petróleo e gás.
Bruno Musso lembrou que é necessária também uma mudança de mentalidade do próprio empresariado nacional, que precisa "abrir os olhos para outros mercados que possam vir a se interessar pelos produtos brasileiros". Ele citou como exemplo o mercado angolano, que, além de ter crescido muito nos últimos anos, devido a várias descobertas na área de petróleo, ainda tem como atrativo a identidade cultural com o Brasil. Também são mercados promissores a América Latina, que concentra a maior parte dos investimentos da Petrobras fora do país, a costa oeste da África e o Golfo do México.