Setor de petróleo e gás deve ter R$ 12 bilhões do BNDES nos próximos três anos

20/03/2006 - 14h48

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Rio - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve dobrar os desembolsos destinados ao setor de petróleo e gás natural nos próximos três anos, liberando cerca de R$ 11,8 bilhões - contra os R$ 5,7 bilhões liberados no triênio 2003/2005.

A informação foi dada pelo superintendente de infra-estrutura de petróleo e gás do BNDES, João Carlos Cavalcanti, durante o 2° Seminário de Petróleo e Gás no Brasil, realizado na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ) e promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) e pela revista Conjuntura Econômica, da Fundação Getúlio Vargas.

Segundo ele, o orçamento do banco para 2006 foi fixado em R$ 60 bilhões "e o setor de petróleo e gás vem tendo participação cada vez maior no bolo". Do total a ser desembolsado no triênio, cerca de 80% serão direcionados a investimentos da Petrobras. Estão previstos o financiamento à construção da Planta Petroquímica Básica do Rio de Janeiro e obras de reestruturação, reforma e modernização da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), que deverá receber cerca de R$ 800 milhões.

Cavalcanti adiantou que já neste ano deverão ser desembolsados R$ 3,5 bilhões – R$ 500 milhões a mais do que em 2005. Embora tenha admitido o desembolso para a construção da refinaria do Rio de Janeiro (uma parceria da Petrobras e do grupo Ultra com a participação do BNDES), o superintendente não soube precisar o valor destinado à obra.

Dos R$ 11,8 bilhões destinados ao setor de petróleo e gás até 2008, o BNDES desembolsará R$ 3,6 bilhões para a área de exploração e produção (a que mais absorverá recursos); R$ 2,9 bilhões para a área de transporte (aí incluídos financiamentos a gasodutos); e R$ 1,7 bilhão destinado a construção, ampliação e modernização de refinarias.

Sobre a Petroquímica Básica do Rio de Janeiro o executivo não soube precisar o volume nem a forma de participação do BNDES no projeto, pois ainda não foi procurada pela Petrobras para tratar do assunto. "Mas não vejo como o banco possa não estar presente nessa refinaria. O nosso orçamento tem conseguido atender bem à demanda dos projetos que nos são encaminhados e certamente não teremos, no curto prazo, restrições do lado da oferta".

A refinaria a ser construída no Rio de Janeiro, em local ainda a ser definido pela Petrobras (fala-se no município de Itaboraí mas ainda não há nada oficial), é um empreendimento que demandará, na primeira fase, investimentos de até US$ 3,5 bilhões, com previsão de gerar 75 mil empregos diretos e indiretos. A informação foi dada pelo próprio diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, quando da confirmação da obra.

O projeto total absorverá investimentos de US$ 9 bilhões. A petroquímica fluminense deve começar a ser construída no início de 2007, com possibilidade de entrar em operação no final de 2010, início de 2011.

A nova unidade deverá produzir basicamente matéria-prima (insumo) para o setor petroquímico, devendo usar o petróleo extraído na Bacia de Campos também para refinar óleo diesel e GLP, só que em menor escala do que a refinaria do Nordeste, que a Petrobras construirá em parceria com a PDVSA. A unidade nordestina se destinará a transformar petróleo bruto brasileiro e venezuelano em óleo diesel e GLP, o gás de cozinha.