Senador tucano pede investigação da PF para denúncias de corrupção em Ribeirão Preto

20/03/2006 - 18h24

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) apresentou hoje (20) requerimento à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos solicitando que a Polícia Federal instaure inquérito para investigar as denúncias de corrupção em Ribeirão Preto (SP) e também o vazamento de informações sobre a conta bancária do caseiro Francenildo Santos Costa. O requerimento deve ser apreciado pelos senadores na reunião administrativa de amanhã (21).

No documento, Álvaro Dias pede que a Polícia Federal ouça os depoimentos do caseiro, do motorista Francisco das Chagas Costa e do corretor Carlos Magalhães, que intermediou a locação da casa que seria usada em Brasília por ex-assessores do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, quando este foi prefeito de Ribeirão Preto.

Com a entrada da Polícia Federal no caso, conforme solicita o requerimento - que ainda precisa ser aprovado no plenário da CPI - o senador acredita que será possível investigar mais a fundo todas as denúncias. "O diretor geral da Polícia Federal afirmou que não existe inquérito (para investigar as denúncias de corrupção em Ribeirão Preto) exatamente porque não houve solicitação nem mesmo da CPI. E agora estamos fazendo essa solicitação por acharmos que é importante que a PF também entre neste caso", explicou Álvaro Dias.

Ele criticou o vazamento de informações de extratos bancários de Francenildo e disse que esta foi uma "tentativa de desqualificar" o depoimento do caseiro na CPI dos Bingos. "É deplorável que, de forma legal, não se consiga quebrar sigilos de pessoas investigadas e, de forma ilegal, se afronte a Constituição para quebrar sigilo de pessoa honesta, que não é alvo de investigação alguma", acrescentou.

O senador reafirmou que tem certeza de que o dinheiro encontrado na conta do caseiro é honesto e tem origem."É bem diferente de dinheiro que transita pelo país em malas, em aviões etc", disse.

O extrato da conta que o caseiro tem na Caixa Econômica Federal, ao qual a revista Época teve acesso, mostra que ele recebeu, desde o início do ano, R$ 38.860. Francenildo justificou a movimentação financeira dizendo que é filho bastardo do empresário Euripedes Soares da Silva, dono de uma empresa de ônibus em Teresina, e que teria recebido o dinheiro dele. Soares nega ser o pai do caseiro, mas confirma que fez os depósitos.

Indagado sobre o recolhimento de assinaturas por parte de parlamentares de oposição para ampliar o objeto de investigação da CPI dos Bingos, Álvaro Dias informou que a missão continua. A medida tem como objetivo manter a linha de investigação de todos os fatos já em curso pela comissão e evitar a concessão de novas liminares no futuro, explicou. A medida é uma resposta à liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), concedida na última quinta-feira (16), que suspendeu o depoimento do caseiro na CPI dos Bingos.