Thaís Brianezi
Enviada especial
Curitiba - A liderança do Brasil nas negociações da 3ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena (MOP-3) salvou o acordo internacional sobre biossegurança do enfraquecimento – ou até da morte. Essa é a opinião do secretário-executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), Ahmed Djoghlaf, partilhada também pelo subsecretário-geral político do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Aguiar Patriota, e pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Os três participaram hoje (20), em Curitiba, de entrevista coletiva após a abertura oficial da 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8).
O Protocolo de Cartagena faz parte da CDB. A principal decisão da MOP-3, que terminou na última sexta-feira (17), foi estabelecer a obrigatoriedade de identificar componentes transgênicos nas embalagens das mercadorias a partir de 2012.
"O Brasil foi o responsável por dar nova vida ao Protocolo de Cartagena", declarou Djoghlaf. "Se não fosse a proposta brasileira e a persistência de seus negociadores, não teríamos chegado a um consenso e isso significaria o enterro do protocolo".
"Quando optamos claramente pelo 'contém' (identificação obrigatória de componentes transgênicos no rótulo do produto) e estabelecemos um período de transição para ele entrar em vigor, estamos possibilitando a identificação imediata nos países que já fazem a segregação e permitindo a adaptação daqueles que não fazem", afirmou Marina Silva.
"A concessão que fizemos ao México não custou muito", opinou Patriota. Durante a MOP-3, a proposta inicial do Brasil era de que esse período de transição fosse de apenas dois anos. O México liderou os países de oposição, que conseguiram aumentar esse prazo para até 2012.
"Nós precisamos lembrar que a indústria da biotecnologia é multibilionária e surgiu na última década. É um ator novo, poderoso, complexo", ponderou Djoghlaf. "Há seis anos essa questão da rotulagem estava sendo discutida no âmbito da CDB, sem avanços".