Pesquisador considera necessária campanha nacional de prevenção à sífilis

20/03/2006 - 14h37

Norma Nery
Repórter da Agência Brasil

Rio - O pesquisador do setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis da Universidade Federal Fluminense Mauro Romero Leal Passos fez um alerta hoje (20) sobre a necessidade da realização de uma campanha nacional de prevenção e diagnóstico da sífilis. Segundo ele, a manifestação congênita de sífilis sem tratamento adequado é responsável pelo abortamento ou morte fetal em 40% das mulheres portadoras da doença no mundo inteiro.

Mauro Romero, que também é diretor-científico da organização não governamental Eliminasífilis, criada na UFF, defendeu, em entrevista ao programa Redação Nacional, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que a campanha seja realizada nos moldes da que está em vigor contra o rotavírus, que une os governos federal, estaduais e municipais, que ele considerada louvável.

"É uma coisa que a gente tem que aplaudir. Vai evitar 850 mortes em um ano, que é um dado muito importante para se combater. Por outro lado, a sífilis se combate com penicilina, que custa entre R$ 10 ou R$ 15, num tratamento 100 % eficaz". De acordo com o pesquisador, o MInistério da Saúde estima que no Brasil existam mais de 20 mil casos por ano.

O pesquisador disse que a sífilis, entre outras doenças, tem um poder de visibilidade menor porque não tem corporação nenhuma, não exige vacinação e o tratamento e os exames são simples. Segundo ele, o contágio é por via sexual ou placentário, no caso da forma congênita. As manifestações nos adultos são manchas avermelhadas na pele e feridas nos órgãos sexuais.

No caso das crianças contaminadas, se não forem tratadas antes de um mês de vida poderão sofrer danos como cegueira, surdez, deficiência mental, pernas arqueadas, quadro grave de rinite e pneumonia e fronte grande. O Rio de Janeiro é o estado que registra maior número de bebês com sífilis congênita, mas na opinião do pesquisador pode ser também onde mais se identifica e registra a doença.