Conferência destaca necessidade de proteção a conhecimentos tradicionais

20/03/2006 - 14h33

Thaís Brianezi
Enviada especial

Curitiba - A definição de um regime internacional de repartição dos benefícios resultantes do acesso aos recursos genéticos e aos conhecimentos tradicionais associados é o principal desafio dos 187 países e da Comunidade Européia que estão representados na 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8). A avaliação foi feita pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na abertura da conferência, hoje (20), em Curitiba.

Segundo a ministra, que preside a conferência, "este é o terceiro objetivo geral da convenção e o que teve menos resultados nos últimos 14 anos". Ainda hoje, parte das 6 mil pessoas que participam da COP-8 devem começar a discutir o tema em um grupo de trabalho.

O secretário-executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), Ahmed Djoghlaf, também destacou, em seu discurso, a proteção aos conhecimentos tradicionais de comunidades indígenas, quilombolas, extrativistas. "Eu dou especial importância à relação entre natureza e cultura. Em Madagascar, o uso de uma planta aumentou em 80% a sobrevida de crianças com câncer. E quem descobriu isso foram as comunidades locais", disse ele.

A COP é o órgão deliberativo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que foi um dos resultados da Eco-92, a Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro. Esse acordo internacional tem três objetivos principais: conservação da natureza, uso sustentável dos recursos naturais e proteção dos conhecimentos tradicionais.

A conferência reúne os 187 países signatários da convenção, além da Comunidade Européia. Em Curitiba, até o próximo dia 31, 6 mil representantes desses países participam dos debates e das negociações. As decisões são tomadas apenas por consenso.