Catadores de material reciclável pedem apoio para gerar postos de trabalho

20/03/2006 - 18h53

Brasília, 20/3/2006 (Agência Brasil - ABr) - O Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis quer o apoio do governo federal para gerar 39 mil postos de trabalho.

Durante o encontro nacional do movimento, que começou hoje (20), em Brasília, os catadores vão apresentar o resultado de uma pesquisa feita no ano passado, segundo a qual criar um posto de trabalho para um catador de material reciclável custaria R$ 5 mil aos cofres públicos, 90% menos que em qualquer outra área.

Com esse argumento, 700 líderes de associações de catadores de 200 municípios vão tentar ser recebidos quarta-feira (22) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles querem que o governo invista R$ 170 milhões na compra de equipamentos e construção de galpões para, assim, gerar os 39 mil empregos na área.

"Queremos abrir um processo de negociação para abrir os postos de trabalho ainda no começo deste ano e também o compromisso da continuidade das capacitações no processo de organização e gestão [iniciadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social no ano passado]", disse Luiz Henrique da Silva, da equipe de articulação do Movimento Nacional dos Catadores.

Desde os sete anos, Marina Madalena Lima trabalha nos lixões de Itaúna, em Minas Gerais. Ela conta que, há sete anos, a prefeitura da cidade cedeu aos catadores uma usina de lixo que estava desativada. A ação deu origem à Cooperativa de Trabalho e Reciclagem (Copert).

A coleta de lixo foi, então, dividida. Às terças, quintas e sábados, é recolhido apenas o lixo reciclável. Longe dos lixões, Marina Madalena trabalha atualmente na triagem do material e ganha de R$ 400 a R$ 800 por mês, bem menos que antes, quando chegava a tirar até R$ 1 mil. Ela diz que "vale a pena, por causa da organização e do direito de resgatar a cidadania, porque no lixão é um trabalho desumano, onde se trabalha no sol, na chuva, não tem segurança nem garantia".

Segundo Marina, a cooperativa paga todos os impostos. "E a gente tem o INSS [Instituto Nacional do Seguro Social]. Com a organização, ficamos fortalecidos com o apoio de grandes empresários, da população e da prefeitura. É muito melhor".