Base governista não apóia vazamento de informações bancárias de caseiro, diz senadora

20/03/2006 - 18h22

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A líder do PT no Senado, Ideli Salvati (SC), disse hoje (20) que o vazamento de informações de extratos bancários do caseiro Francenildo Santos Costa não tem "qualquer apoio" na base govenista. "Ao contrário, é um afronta ao ordenamento jurídico, afirmou a senadora.

Em entrevista à imprensa, Ideli disse que é favorável às investigações sobre o vazamento e não descartou que seja investigada a denúncia de uma possível manipulação do depoimento do caseiro com o objetivo de atingir o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. "Vamos investigar tudo, mas não vamos descartar a possibilidade de que o depoimento possa ter sido conduzido", acrescentou.

Indagada se Palocci deveria deixar a pasta da Fazenda, Ideli respondeu: "O presidente Lula, em três pronunciamentos na sexta-feira, foi categórico: 'Eu devo ao ministro Palocci o que a população está vivendo de melhor em seu cotidiano. Portanto, o ministro fica'".

O extrato da conta que o caseiro Francenildo tem na Caixa Econômica Federal, ao qual a revista Época teve acesso, mostra que ele recebeu, desde o início do ano, R$ 38.860. Ele justificou a movimentação financeira dizendo que é filho bastardo do empresário Euripedes Soares da Silva, dono de uma empresa de ônibus em Teresina, e que teria recebido o dinheiro dele. Soares nega ser o pai do caseiro, mas confirma que fez os depósitos.

Na semana passada, o caseiro teve seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos (CPI dos Bingos) suspenso por liminar do Supremo Tribunal Federal (STF). Antes, no entanto, Francenildo confirmou que viu Palocci em casa alugada em Brasília por Vladimir Poleto por "dez ou 20 vezes". Poleto foi um dos assessores de Palocci, na época em que ele foi prefeito de Ribeirão Preto (SP).

O caseiro já havia dito em entrevista a um jornal paulista que presenciou partilha de dinheiro por Poleto e outros ex-assessores de Palocci. Relatou também que o ministro "chegava sozinho, vinha num Peugeot prata, de vidro escuro, dirigindo sozinho". O Peugeot também seria usado pelo ex-assessor de Palocci Ralf Barquete, morto em 2004.

Em resposta à reportagem, a assessoria do Ministério da Fazenda reafirmou que o ministro nunca esteve na casa e disse que ele não dirige em Brasília e, por isso, sempre se utilizou na cidade de carro guiado por motorista particular ou oficial.

Costa é a segunda testemunha a dizer que viu Palocci na casa alugada por Poleto. A primeira foi o motorista Francisco das Chagas, que prestou serviços para assessores de Palocci em Ribeirão Preto. A afirmação de Chagas foi feita em depoimento à CPI, no dia 8 deste mês.