Trabalhadoras rurais protestam contra ''deserto verde''

08/03/2006 - 12h26

Spensy Pimentel
Enviado especial

Porto Alegre - Antes de iniciar a marcha em defesa da distribuição justa de terras, cerca de 2 mil agricultoras e trabalhadoras rurais fizeram na madrugada de hoje (8) manifestação de uma hora em frente à unidade da Aracruz Celulose em Barra do Ribeiro (RS).

De acordo com a assessoria de imprensa da Via Campesina, rede internacional de movimentos sociais rurais, a mobilização buscou denunciar as conseqüências do "deserto verde" - implantação em larga escala de plantações de eucaliptos e outras árvores destinadas à indústria de celulose e papel.

A fazenda Barba Negra, ocupada esta madrugada, é uma unidade de produção de mudas de eucalipto e pínus. O "deserto verde" prejudicaria a biodiversidade, os solos, e os rios. Em conseqüência de questões relacionados à terra (posse ou utilização), a Aracruz Celulose tem problemas na relação com movimentos camponeses e indígenas no Espírito Santo e na Bahia.

Pelos cálculos da Via Campesina, a empresa possui mais de 250 mil hectares de "deserto verde" plantados no país, sendo 50 mil no Rio Grande do Sul. A rede de movimentos sociais também denuncia a perseguição da Aracruz às comunidades indígenas do Espírito Santo e o recebimento de financiamento público pela empresa - quase R$ 2 bilhões durante o atual governo.

As trabalhadores rurais que protestaram contra o "deserto verde" participam esta semana das reuniões paralelas à 2ª Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural, promovida pelo Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), em parceria com o governo brasileiro.