Ana Lúcia Caldas
Enviada especial
Porto Alegre - Mesmo com as conquistas das últimas décadas, as trabalhadoras rurais ainda vivem desigualdades sociais e políticas, afirma o documento final do seminário internacional Políticas para as Mulheres na Reforma Agrária e no Desenvolvimento Rural, divulgado no início desta semana.
O encontro se realizou paralelamente à 2ª Conferência Internacional de Desenvolvimento Rural e Reforma Agrária, que vai até a próxima sexta-feira (10) na capital gaúcha. Participaram do encontro representantes de movimentos sociais e dos governos de países da Ásia, África, América Latina e Caribe. O documento final será encaminhado à Conferência.
Na avaliação da ativista Ely Querubina, do Movimento das Quebradeiras de Côco, o seminário "deu mais força e conhecimento que serão levados para as companheiras que ficam no campo e acham que não têm reconhecimento".
Ely ressaltou que por causa dessas mulheres as quebradeiras de côco hoje têm reconhecimento. "Eu pude ver que as companheiras da África, da Índia, do Peru estão um pouco mais fora da questão do reconhecimento pela sociedade que elas vivem", avaliou.
No encontro, foram elaboradas propostas de políticas e programas comprometidos com a igualdade entre homens e mulheres, que garantam a sustentabilidade ambiental e a segurança alimentar.
As participantes do seminário também se comprometeram a apoiar a implementação da Plataforma de Ação da Conferência, para alcançar uma nova visão de reforma agrária e desenvolvimento rural, que prevê a remoção de obstáculos legais, políticos e administrativos para promover o acesso das mulheres a recursos econômicos.
Para a representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Andrea Butto, "o Brasil tem vários desafios pela frente, como intensificar as políticas públicas para o cidadão beneficiário e avançar em uma agenda de integração para além do Mercosul e do esforço de intercâmbio com países africanos". Ela lembrou que existem estudos de casos parciais sobre países com políticas públicas para mulheres, mas que não podem ser considerados concretos.
"Somos referência política internacional na questão da reforma agrária, seja para efeito de execução dos programas de uma forma mais ampla ou de políticas de apoio à agricultura familiar e ao desenvolvimento rural, de uma forma mais geral", destacou.