Ana Lúcia Caldas
Enviada especial
Porto Alegre – Amanhã (9) e na sexta-feira (10) será promovido o seminário internacional "Trabalho Escravo Contemporâneo, Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural", evento que faz parte da 2ª Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Ruralal (CIRADR), que acontece em Porto Alegre.
Participam autoridades, pesquisadores, estudiosos e integrantes da sociedade civil. Segundo Carlos Henrique Kaipper, da Consultoria Jurídica do Ministério do Desenvolvimento Agrário, todos relatarão as suas ações em torno de políticas de prevenção, de repressão e de reinserção social dos trabalhadores que são libertados.
Amanhã (9), a questão do trabalho escravo na Ásia, África, Europa e América do Norte será apresentada por Angelika Berndt, representante da ONG Anti-Slavery da Inglaterra, criada ainda na época do Brasil colônia. Eduardo Besdoya Garland , pesquisador da Organização Internacional do trabalho – OIT, abordará o tema com ênfase na América Latina. O trabalho escravo no Brasil também será tratado no primeiro dia da Conferência.
A idéia é dar visibilidade para o tema. "Infelizemente algumas pessoas ficam até surpresas quando ouvem falar em pleno século 21 de trabalho escravo. Elas acham que vamos abordar o trabalho escravo no Brasil Colonial." E acrescenta: "Desde a primeira a última palestra será discutido trabalho escravo hoje".
O trabalho escravo no Brasil é registrado em várias partes do país e não apenas na Região Norte, embora seja grande a incidência de casos. Carlos Kaipper exemplifica: "Na Serra Gaúcha, que é tida como a Suíça brasileira, em maio do ano passado foram flagrados 33 trabalhadores submetidos a condição de escravos."
Em outros países da América Latina a questão do trabalho escravo é muito semelhante com a encontrada no Brasil, afirma o Consultor do Ministério do Desenvolvimento Agrário. "O trabalho escravo na cana-de-áçucar tem bastante incidência no Peru, Bolívia e Paraguai". E conclui: "O trabalho escravo contemporâneo se dá tanto com segurança armada quanto pela servidão por díivida, o que acontece nos casos registrados na América Latina".